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ADMINISTRAÇÃO
Para tribunal, prefeitura teve amparo legal ao incluir gastos com inativos no cálculo de investimentos em educação
TCM aprova as contas da gestão Marta
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita Marta Suplicy (PT)
obteve uma vitória ontem ao ter
as contas do ano passado da Prefeitura de São Paulo, o primeiro
da gestão petista, aprovadas por
unanimidade pelo TCM (Tribunal de Contas do Município).
Na decisão, medidas polêmicas
adotadas pela prefeitura -como
a inclusão de gastos com servidores inativos no cálculo da verba
obrigatória da educação e uma
transferência de recursos da área
da saúde para despesa com publicidade- foram endossadas pelo
tribunal de contas.
A inclusão de inativos na verba
obrigatória da educação foi um
dos motivos para as contas de
2000 do ex-prefeito Celso Pitta serem rejeitadas pelo tribunal.
Na época, não vigorava lei,
aprovada no final do ano passado
pela Câmara Municipal, que incluiu despesas com servidores
inativos no cálculo dos gastos
obrigatórios de 31% da receita do
município com educação.
Sem a lei municipal, o TCM tinha se baseado na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e em
entendimentos de outros tribunais de contas para vetar a inclusão dos inativos no cálculo e recomendar a rejeição das contas.
Seguindo esse critério, o órgão
calculou em 16,76% das receitas
os investimentos que Pitta fez
com educação, quando a Constituição exige um mínimo de 25% e
a Lei Orgânica do Município, na
época, previa 30%.
A rejeição das contas de Pitta está na Câmara para ser analisada
pelos vereadores. Se for mantida,
o ex-prefeito está sujeito a penas
como a de se tornar inelegível.
No caso de Marta, o tribunal
considerou que a administração
petista gastou R$ 2,1 bilhões com
educação, ou 31,24% da receita de
2001 com impostos (R$ 7 bilhões).
Estão incluídos no cálculo, além
dos gastos com inativos, investimentos em programas sociais da
prefeitura, como o Renda Mínima
e o Bolsa-Trabalho. Pela lei aprovada no ano passado, eles também podem ser considerados investimentos em educação. Sem
essa lei, Marta não teria atingido o
percentual mínimo de gastos.
A outra questão polêmica avaliada ontem pelo TCM, que envolve a transferência de R$ 600 mil
da Secretaria da Saúde para gastos
com publicidade, é investigada
pelo Ministério Público.
Os conselheiros do tribunal endossaram parecer que conclui pela "inocorrência de desvio de finalidade" na transferência da verba.
Segundo interpretação do tribunal, a transferência feriu lei orçamentária, que veda retirada de
recursos das chamadas áreas sociais, como a saúde.
Mas uma auditoria do tribunal
concluiu que os recursos, transferidos para a Secretaria de Comunicação no ano passado, foram
"efetivamente gastos" com publicidade para a área da saúde.
"Considerando que essas despesas, não obstante realizadas por
unidade orçamentária distinta,
são pertinentes à área da saúde,
concluo pela inocorrência de desvio de finalidade, o que importa
em relevar a irregularidade cometida (...)", diz trecho do parecer,
assinado pelo conselheiro Antonio Carlos Caruso.
A função do TCM é fiscalizar a
gestão financeira do município.
Desde que foi criado, em 1968, o
TCM rejeitou as contas da administração em cinco anos, nos governos Luiza Erundina (em 90, 91
e 92) e de Pitta (em 99 e 2000).
Das cinco rejeições, quatro ainda dependem de votação na Câmara, que pode manter ou derrubar os pareceres.
Para derrubar um parecer do
tribunal, a Câmara precisa reunir
37 votos. Os governistas são
maioria entre os 55 vereadores do
Legislativo.
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