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SEGURANÇA
Medidas anunciadas pelo governo federal prevêem apenas que os atuais sistemas de vigilância funcionem corretamente
Pacote de FHC "recicla" ações antiviolência
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As dez medidas divulgadas ontem pelo governo federal como
resposta ao atentado contra a Prefeitura do Rio de Janeiro, que foram definidas em reunião com o
próprio presidente Fernando
Henrique Cardoso, não trazem
novidade no combate à violência.
As ações ou já foram anunciadas
ou visam intensificar o trabalho
desenvolvido pelas polícias.
O ministro Miguel Reale Júnior
(Justiça) disse que evitou tomar
medidas "pirotécnicas" e que os
resultados do plano só virão a longo prazo. "Segurança significa,
antes de tudo, inteligência", afirmou o ministro. Em visita à Prefeitura do Rio, na segunda-feira,
FHC havia prometido uma "medida forte".
Entre as providências que serão
adotadas estão a intensificação do
policiamento nas "entradas e saídas" do Rio e da vigilância em
portos, aeroportos e costa marítima; o controle de contêineres pela
Receita Federal; e o monitoramento da baía da Guanabara por
barcos da Marinha, auxiliados pela Polícia Federal.
O coordenador do Departamento Nacional de Entorpecentes, Getúlio Bezerra dos Santos,
56, foi indicado como o coordenador da força-tarefa contra o crime organizado, que reúne diversos órgãos federais e estaduais.
A Folha apurou que o superintendente da Polícia Federal do
Rio, Marcelo Itagiba, era o mais
cotado para o cargo, mas seu nome foi vetado pelo governo do
Rio.
Surpreso com o convite do ministro Reale Júnior, Santos disse
apenas que não vai atuar "no varejo".
O governo do Rio delegou ontem, por meio de nota oficial, o
comando da força-tarefa ao governo federal. Constitucionalmente, cabe aos Estados gerenciar
a segurança pública.
O ministro da Justiça anunciou
ainda que pretende liberar verbas
e recursos humanos "sem limite
prefixado". Reale Júnior afirmou
que o dinheiro virá "do Tesouro",
mas não citou detalhes porque,
segundo ele, essa não é sua área.
O Fundo Nacional da Segurança Pública possui R$ 338 milhões
previstos no Orçamento deste
ano. Cerca de R$ 160 milhões já
foram liberados e o restante -R$
178 milhões- está bloqueado pela equipe econômica.
Entre as medidas também está a
contratação de 6.000 novos integrantes para a PF, medida já
anunciada neste mês pelo governo. Fardados, os novos policiais
deverão cuidar do patrulhamento
marítimo, aeroportuário e de
fronteiras de todo o país.
O ministro não soube dizer qual
será o efetivo do Rio. A partir do
próximo dia 6, o governo não poderá mais contratar ou demitir
servidores devido à legislação
eleitoral.
Decretos
O plano prevê que as medidas
adotadas contra a violência serão
tomadas por meio de decreto presidencial. Nesse caso, o governo
do Rio terá de editar decreto semelhante.
A Receita Federal participará de
operações intensificando a fiscalização de contêineres em portos e
aeroportos. O Ministério Público
será convidado a participar da
força-tarefa.
Na parte de inteligência, o Exército e a Marinha participarão do
trabalho. O primeiro com "apoio
total", e a outra força no patrulhamento da costa do Estado.
Uma novidade é que o Rio de
Janeiro será o primeiro Estado a
integrar o Conselho Nacional de
Inteligência de Segurança Pública. O órgão atuará como uma rede de troca de informações entre
as forças policiais dos Estados.
Também foi anunciado ontem
que o plano de prevenção da violência urbana na região metropolitana do Rio será "intensificado e
consolidado". Segundo o secretário da Segurança Pública do Rio,
Roberto Aguiar, o programa tem
ações "educativas e sociais", para
reduzir a violência entre jovens.
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