São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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SEGURANÇA

Medidas anunciadas pelo governo federal prevêem apenas que os atuais sistemas de vigilância funcionem corretamente

Pacote de FHC "recicla" ações antiviolência

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As dez medidas divulgadas ontem pelo governo federal como resposta ao atentado contra a Prefeitura do Rio de Janeiro, que foram definidas em reunião com o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso, não trazem novidade no combate à violência. As ações ou já foram anunciadas ou visam intensificar o trabalho desenvolvido pelas polícias.
O ministro Miguel Reale Júnior (Justiça) disse que evitou tomar medidas "pirotécnicas" e que os resultados do plano só virão a longo prazo. "Segurança significa, antes de tudo, inteligência", afirmou o ministro. Em visita à Prefeitura do Rio, na segunda-feira, FHC havia prometido uma "medida forte".
Entre as providências que serão adotadas estão a intensificação do policiamento nas "entradas e saídas" do Rio e da vigilância em portos, aeroportos e costa marítima; o controle de contêineres pela Receita Federal; e o monitoramento da baía da Guanabara por barcos da Marinha, auxiliados pela Polícia Federal.
O coordenador do Departamento Nacional de Entorpecentes, Getúlio Bezerra dos Santos, 56, foi indicado como o coordenador da força-tarefa contra o crime organizado, que reúne diversos órgãos federais e estaduais.
A Folha apurou que o superintendente da Polícia Federal do Rio, Marcelo Itagiba, era o mais cotado para o cargo, mas seu nome foi vetado pelo governo do Rio.
Surpreso com o convite do ministro Reale Júnior, Santos disse apenas que não vai atuar "no varejo".
O governo do Rio delegou ontem, por meio de nota oficial, o comando da força-tarefa ao governo federal. Constitucionalmente, cabe aos Estados gerenciar a segurança pública.
O ministro da Justiça anunciou ainda que pretende liberar verbas e recursos humanos "sem limite prefixado". Reale Júnior afirmou que o dinheiro virá "do Tesouro", mas não citou detalhes porque, segundo ele, essa não é sua área.
O Fundo Nacional da Segurança Pública possui R$ 338 milhões previstos no Orçamento deste ano. Cerca de R$ 160 milhões já foram liberados e o restante -R$ 178 milhões- está bloqueado pela equipe econômica.
Entre as medidas também está a contratação de 6.000 novos integrantes para a PF, medida já anunciada neste mês pelo governo. Fardados, os novos policiais deverão cuidar do patrulhamento marítimo, aeroportuário e de fronteiras de todo o país.
O ministro não soube dizer qual será o efetivo do Rio. A partir do próximo dia 6, o governo não poderá mais contratar ou demitir servidores devido à legislação eleitoral.

Decretos
O plano prevê que as medidas adotadas contra a violência serão tomadas por meio de decreto presidencial. Nesse caso, o governo do Rio terá de editar decreto semelhante.
A Receita Federal participará de operações intensificando a fiscalização de contêineres em portos e aeroportos. O Ministério Público será convidado a participar da força-tarefa.
Na parte de inteligência, o Exército e a Marinha participarão do trabalho. O primeiro com "apoio total", e a outra força no patrulhamento da costa do Estado.
Uma novidade é que o Rio de Janeiro será o primeiro Estado a integrar o Conselho Nacional de Inteligência de Segurança Pública. O órgão atuará como uma rede de troca de informações entre as forças policiais dos Estados.
Também foi anunciado ontem que o plano de prevenção da violência urbana na região metropolitana do Rio será "intensificado e consolidado". Segundo o secretário da Segurança Pública do Rio, Roberto Aguiar, o programa tem ações "educativas e sociais", para reduzir a violência entre jovens.



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