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SAÚDE
Tratamento que reúne ar congelado, glicose e laser é novidade para a eliminação dos vasinhos das pernas
Inverno é período ideal para tratar varizes
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O inverno é a melhor época para
se livrar das varizes e dos "vasinhos" (telangiectasias), as veias finas avermelhadas ou azuladas
que infernizam a vida da mulher
no verão. Alguns dos tratamentos
necessitam de pontos ou deixam
hematomas nas pernas, o que torna a exposição ao sol proibitiva
por, no mínimo, 30 dias.
Mas atenção: antes de começar
qualquer terapia, ainda que para
fins estéticos, é preciso fazer uma
avaliação clínica das veias das pernas. Às vezes, apenas os vasinhos
estão visíveis, mas é possível que
haja microvarizes e varizes que
também precisam ser tratadas.
Ainda pouco difundida no Brasil, uma terapia que reúne laser e
ar congelado para secar vasinhos
e microvarizes promete causar
menos dor e reduzir a possibilidade de cirurgia em alguns casos.
Um aparelho dispara jatos de ar
congelado (a menos de 20C) sobre o tecido. Com a pele resfriada,
a paciente sente menos dor, o que
permite ao médico utilizar raios
laser de potência maior, que secam veias doentes.
Alguns especialistas estão associando jatos de ar congelado, laser
(criolaser) e injeções de glicose
(crioglicose). É o caso do cirurgião vascular Kasuo Miyake, que
garante obter melhor resultado.
"Os vasinhos são eliminados mais
rapidamente. Há ganho estético e
de tempo." Mas ele alerta que a
técnica não elimina a necessidade
de cirurgia em casos de veias grossas ou muito profundas.
Embora muito se fale das vantagens do laser, a escleroterapia
-terapia em que se injeta substância esclerosante no interior da
veia para obstruí-la- continua
sendo o método mais barato e seguro para a "secagem" dos vasinhos, segundo Cid Sitrângulo,
presidente da regional paulista da
SBACV (Sociedade Brasileira de
Angiologia e Cirurgia Vascular).
Atualmente, afirma o médico, a
escleroterapia já não causa mais
manchas escuras e nem há o risco
de provocar úlceras no local da
aplicação. A utilização de substâncias esclerosantes menos cáusticas, como o açúcar, reduz a probabilidade de reações alérgicas.
Para ele, o laser não traz vantagens em relação à escleroterapia.
"Ele custa cinco vezes mais do que
o tratamento convencional e há
risco de manchas por queimadura", diz. Cada sessão de criolaser
custa de R$ 400 a R$ 1.000.
Para evitar esse risco, os médicos têm diminuído a intensidade
das ondas do laser, o que acaba
não eliminando todos os vasinhos, segundo o angiologista e cirurgião vascular Sergio Silveira
Leal de Meirelles, presidente da
regional carioca da SBACV.
"Ele [o laser] pode resolver para
as americanas ou para as mulheres mais idosas que não se importam com manchas na perna. Mas
para as cariocas e paulistas, que
adoram exibir um corpo bonito
na praia, ele não cola. As mulheres exigem bom resultado", diz.
Miyake, que também é diretor
da Sociedade Brasileira de Laser
em Cirurgia e Medicina, discorda:
"Isso ocorria com muita freqüência no passado. Hoje a tecnologia
permite danificar a veia sem queimar pele. Há total segurança".
O médico diz que embora o tratamento a laser custe mais caro,
ele pode ser feito em menos tempo. "Casos que demandam, por
exemplo, dez sessões de escleroterapia, podem ser resolvidos com
duas ou três sessões de laser."
A tendência, afirma Miyake, é a
combinação de técnicas convencionais ao uso do laser para casos
de varizes mais resistentes.
Independentemente da técnica,
uma coisa é certa: os vasinhos dificilmente são eliminados em definitivo. Os que são esclerosados
não voltam, mas, se houver predisposição genética, outros podem surgir. Por isso os médicos
recomendam "manutenção" a cada um ou dois anos.
Sitrângulo diz que uma das formas de prevenir o aparecimento
de vasinhos é a prática de exercícios físicos. O uso de meias elásticas, recomendáveis para a prevenção de varizes, parecem não
evitar o aparecimento das telangiectasias, segundo o médico.
Cirurgia
A novidade no tratamento de
varizes, especialmente para as de
médio e grosso calibre e para as
safenas, é o uso do laser endovenoso. Um cateter fino é introduzido no vaso sangüíneo. Dentro dele, há um fio de fibra ótica que gera o laser. À medida que o cateter
percorre o vaso, o laser fecha suas
paredes, cauterizando-o.
Segundo o cirurgião vascular
Miyake, o procedimento é praticamente indolor, provoca menos
hematomas do que a retirada cirúrgica das varizes e não lesiona
os vasos linfáticos. A recuperação
é mais rápida que a técnica tradicional: em média cinco dias depois do tratamento. Na cirurgia
tradicional, o tempo de repouso é
de dez a 20 dias.
Miyake diz que atualmente o
método conta com a ajuda de um
robô, o que possibilita a aplicação
do laser de forma mais homogênea. Até então, o médico introduzia uma fibra ótica e acionava e
tracionava manualmente. Agora,
ele apenas introduz a fibra com
auxílio de um ultra-som e a distribuição do laser é robotizada.
Porém a terapia não é indicada
para quem tem varizes muito tortuosas porque essa situação dificulta a passagem da fibra ótica.
Na avaliação de Sitrângulo e
Meirelles, o método tradicional,
que retira as veias doentes com
ajuda de uma agulha de crochê,
ainda é o preferido e o mais eficaz
para a eliminação das veias de
grosso calibre e das safenas.
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