São Paulo, domingo, 27 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Tratamento que reúne ar congelado, glicose e laser é novidade para a eliminação dos vasinhos das pernas

Inverno é período ideal para tratar varizes

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O inverno é a melhor época para se livrar das varizes e dos "vasinhos" (telangiectasias), as veias finas avermelhadas ou azuladas que infernizam a vida da mulher no verão. Alguns dos tratamentos necessitam de pontos ou deixam hematomas nas pernas, o que torna a exposição ao sol proibitiva por, no mínimo, 30 dias.
Mas atenção: antes de começar qualquer terapia, ainda que para fins estéticos, é preciso fazer uma avaliação clínica das veias das pernas. Às vezes, apenas os vasinhos estão visíveis, mas é possível que haja microvarizes e varizes que também precisam ser tratadas.
Ainda pouco difundida no Brasil, uma terapia que reúne laser e ar congelado para secar vasinhos e microvarizes promete causar menos dor e reduzir a possibilidade de cirurgia em alguns casos.
Um aparelho dispara jatos de ar congelado (a menos de 20C) sobre o tecido. Com a pele resfriada, a paciente sente menos dor, o que permite ao médico utilizar raios laser de potência maior, que secam veias doentes.
Alguns especialistas estão associando jatos de ar congelado, laser (criolaser) e injeções de glicose (crioglicose). É o caso do cirurgião vascular Kasuo Miyake, que garante obter melhor resultado. "Os vasinhos são eliminados mais rapidamente. Há ganho estético e de tempo." Mas ele alerta que a técnica não elimina a necessidade de cirurgia em casos de veias grossas ou muito profundas.
Embora muito se fale das vantagens do laser, a escleroterapia -terapia em que se injeta substância esclerosante no interior da veia para obstruí-la- continua sendo o método mais barato e seguro para a "secagem" dos vasinhos, segundo Cid Sitrângulo, presidente da regional paulista da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular).
Atualmente, afirma o médico, a escleroterapia já não causa mais manchas escuras e nem há o risco de provocar úlceras no local da aplicação. A utilização de substâncias esclerosantes menos cáusticas, como o açúcar, reduz a probabilidade de reações alérgicas.
Para ele, o laser não traz vantagens em relação à escleroterapia. "Ele custa cinco vezes mais do que o tratamento convencional e há risco de manchas por queimadura", diz. Cada sessão de criolaser custa de R$ 400 a R$ 1.000.
Para evitar esse risco, os médicos têm diminuído a intensidade das ondas do laser, o que acaba não eliminando todos os vasinhos, segundo o angiologista e cirurgião vascular Sergio Silveira Leal de Meirelles, presidente da regional carioca da SBACV.
"Ele [o laser] pode resolver para as americanas ou para as mulheres mais idosas que não se importam com manchas na perna. Mas para as cariocas e paulistas, que adoram exibir um corpo bonito na praia, ele não cola. As mulheres exigem bom resultado", diz.
Miyake, que também é diretor da Sociedade Brasileira de Laser em Cirurgia e Medicina, discorda: "Isso ocorria com muita freqüência no passado. Hoje a tecnologia permite danificar a veia sem queimar pele. Há total segurança".
O médico diz que embora o tratamento a laser custe mais caro, ele pode ser feito em menos tempo. "Casos que demandam, por exemplo, dez sessões de escleroterapia, podem ser resolvidos com duas ou três sessões de laser."
A tendência, afirma Miyake, é a combinação de técnicas convencionais ao uso do laser para casos de varizes mais resistentes.
Independentemente da técnica, uma coisa é certa: os vasinhos dificilmente são eliminados em definitivo. Os que são esclerosados não voltam, mas, se houver predisposição genética, outros podem surgir. Por isso os médicos recomendam "manutenção" a cada um ou dois anos.
Sitrângulo diz que uma das formas de prevenir o aparecimento de vasinhos é a prática de exercícios físicos. O uso de meias elásticas, recomendáveis para a prevenção de varizes, parecem não evitar o aparecimento das telangiectasias, segundo o médico.

Cirurgia
A novidade no tratamento de varizes, especialmente para as de médio e grosso calibre e para as safenas, é o uso do laser endovenoso. Um cateter fino é introduzido no vaso sangüíneo. Dentro dele, há um fio de fibra ótica que gera o laser. À medida que o cateter percorre o vaso, o laser fecha suas paredes, cauterizando-o.
Segundo o cirurgião vascular Miyake, o procedimento é praticamente indolor, provoca menos hematomas do que a retirada cirúrgica das varizes e não lesiona os vasos linfáticos. A recuperação é mais rápida que a técnica tradicional: em média cinco dias depois do tratamento. Na cirurgia tradicional, o tempo de repouso é de dez a 20 dias.
Miyake diz que atualmente o método conta com a ajuda de um robô, o que possibilita a aplicação do laser de forma mais homogênea. Até então, o médico introduzia uma fibra ótica e acionava e tracionava manualmente. Agora, ele apenas introduz a fibra com auxílio de um ultra-som e a distribuição do laser é robotizada.
Porém a terapia não é indicada para quem tem varizes muito tortuosas porque essa situação dificulta a passagem da fibra ótica.
Na avaliação de Sitrângulo e Meirelles, o método tradicional, que retira as veias doentes com ajuda de uma agulha de crochê, ainda é o preferido e o mais eficaz para a eliminação das veias de grosso calibre e das safenas.


Texto Anterior: Religião: Marcha reúne evangélicos na zona norte
Próximo Texto: Gravidez é o principal desencadeante
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.