São Paulo, domingo, 27 de junho de 2004

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OUTRO LADO

Objetivo da reforma é alcançar mais pacientes, diz ministério

DA REPORTAGEM LOCAL

O objetivo principal da reforma psiquiátrica é atingir uma parcela maior da população, por meio de diferentes serviços pulverizados, algo que não era possível no modelo centrado em hospitais psiquiátricos, explica o coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado.
Amanhã, o ministério dá início na capital paulista ao primeiro encontro nacional de Caps, os Centros de Atenção Psicossocial, que funcionam como organizadores da rede de atenção à saúde mental. São centros comunitários com atendimento multidisciplinar e que têm como uma das funções a reinserção do paciente à sociedade após anos de alijamento.
O ministério definiu o encontro como oportunidade para avaliar os centros, cuja implantação começou há 17 anos. Hoje são 527 no país, número que dobrou nos últimos cinco anos. Em 2002, foram 389,8 mil atendimentos nesses locais. No ano passado, 3,69 milhões, informou o governo.
De acordo com Delgado, no entanto, ainda há desafios, como o de garantir que todos os recursos que saem da área hospitalar vão para serviços substitutivos como os centros.
O governo tenta ratificar essa necessidade na comissão tripartite, instância decisória do Sistema Único de Saúde que reúne Estados, União e municípios.
Hoje, os gastos com serviços extra-hospitalares correspondem a 25% dos gastos hospitalares, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Delgado reconhece ainda o problema da falta de medicamentos psiquiátricos. "Não conseguimos resolver isso." São 14 itens para problemas mentais que deveriam estar nas farmácias básicas." Segundo ele, falta sintonia com gestores locais, como prefeituras, que distribuem os remédios.
Além de aumentar o número de leitos em hospitais gerais -hoje apenas 1.800, contra mais de 48 mil em hospitais psiquiátricos -, o ministério promete ainda criar mais residências terapêuticas, hoje apenas 200. São nesses locais, que, preferencialmente, devem ficar fora de hospitais, que formam-se repúblicas de pacientes que não têm como voltar para casa. "O suporte às famílias também é uma preocupação que temos."


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