São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Polícia mata 13 em suposto ataque do PCC

Daniel Kfouri/Folha Imagem
O governador Cláudio Lembo (PFL) que disse ontem que o PCC ameaçou retomar ataques no Estado


Segundo delegado, grupo, que incluía uma mulher, tinha recebido ordens da facção para matar agentes penitenciários

Operação ocorreu pela manhã próximo ao CDP de São Bernardo, na Grande SP; das 13 vítimas, 11 tinham antecedentes criminais


GILMAR PENTEADO
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia paulista matou ontem 13 pessoas, supostamente ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital), minutos antes do que seria uma tentativa de ataque da facção criminosa contra agentes penitenciários em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).
A operação policial ocorreu às 7h de ontem, a 500 metros de um CDP (Centro de Detenção Provisória). A polícia diz que surpreendeu os mortos -12 homens e uma mulher- quando se preparavam para atacar três agentes em um ponto de ônibus. Cinco suspeitos foram presos e outros quatro conseguiram fugir.
Segundo o delegado Marco Antonio de Paula Santos, chefe da Delegacia Seccional de São Bernardo, a ordem de ataque partiu de dentro dos presídios, "presumidamente vinda do alto escalão" do PCC.
A intenção, segundo Santos, era retomar as ações iniciadas em maio como forma de pressão para diminuir o rigor nos presídios, principalmente contra os líderes da facção.
Naquele mês, entre os dias 12 e 19, 42 agentes de segurança foram mortos em ataques. No mesmo período, 92 civis supostamente envolvidos com o ataque foram mortos pela polícia.
Ontem, o governador Cláudio Lembo (PFL) disse que o PCC ameaçou dar início a "muitos" ataques no Estado.
A Polícia Civil da Grande São Paulo afirma ter descoberto o suposto atentado há dez dias. Segundo o delegado Santos, informações de presos rivais, de informantes da polícia e de escutas telefônicas revelaram que o PCC pretendia matar de cinco a 15 agentes.
Os alvos seriam funcionários de CDPs em São Bernardo, Diadema, Mauá e Santo André. O comando do PCC, na versão da polícia, deu dez dias para que a ação fosse realizada por um grupo local. Os criminosos estavam sendo pressionados a realizar o ataque. A tentativa ocorreu no 9º dia do prazo.
Cerca de 70 policiais civis à paisana chegaram ao local por volta das 3h. Eles se dividiram em dois postos de gasolina e outros pontos nas proximidades do CDP. Segundo a polícia, os suspeitos chegaram em seis carros, por volta das 5h30.
A ordem para matar três funcionários que rumavam para o ponto de ônibus teria sido interceptada pela polícia, o que precipitou a abordagem. "A intenção era prender, mas houve reação", disse Santos.
Dez suspeitos foram mortos no local. Três foram perseguidos e mortos no município vizinho de Diadema. Um policial foi atingido no tórax, mas o tiro foi contido pelo colete à prova de balas. Mais três mulheres e dois homens foram presos.
Dos 13 mortos, 11 tinham antecedentes criminais, segundo a polícia. Na maior parte, por tráfico de drogas e roubo. Segundo Santos, os três líderes do ataque estão no grupo de mortos: Márcio José dos Santos, o Marcinho, seria "piloto" (que comanda as ações em uma região) do PCC em Diadema, Adriano Wilson da Silva, o Boy, líder da facção em São Bernardo e com envolvimento em roubos de carga, e Evilson Rodrigues de Oliveira, com passagem por roubo e tráfico.
Na lista da polícia também apareciam os nomes de Eduardo de Jesus Batista, o Du, Welington de Araújo Carvalho, o Boquinha, Francisco Laurindo dos Santos, o De Assis, Fernando de Almeida, o Fedô, Mário Tavares, Ana Paula de Sousa e mais quatro suspeitos identificados só pelos apelidos.
"Não sei se todos são do PCC. Mas cumpriam ordem de uma facção criminosa", afirmou Santos. A polícia apresentou sete revólveres, sete pistolas e uma espingarda, que teriam sido apreendidas com o grupo.


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