|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Traficante preso deu a ordem para atacar
Mandante está no presídio de Presidente Venceslau, segundo a investigação
Segundo a polícia, grupo foi ameaçado de morte pela facção caso não preparasse a investida contra os agentes penitenciários
DA REPORTAGEM LOCAL
Investigação policial aponta
que a ordem para atacar agentes penitenciários na região do
ABC partiu, de dentro da cadeia, do traficante José Dilson,
o Birosca.
Ele está preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau
(620 km de SP), onde foram
isolados, no mês passado, 400
líderes do PCC. Segundo a polícia, o maior rigor nos presídios,
principalmente em relação aos
líderes, seria a causa da ação.
Mesmo preso, Birosca comandaria o tráfico de drogas no
Morro do Samba, em Diadema,
e em outros locais de São Bernardo e também nas favelas Pedreira e Jardim do Luso, na zona sul da capital paulista.
Birosca também teria encomendado um mural no Morro
do Samba, descoberto em janeiro deste ano, no qual PMs
apareciam sendo metralhados
por criminosos. Segundo a polícia, o painel de três metros de
altura e 20 metros de comprimento foi feito por um grafiteiro por ordem de Birosca.
Sob ameaça
As pessoas mortas ontem são
de Diadema e São Bernardo. De
acordo com a polícia, entre eles
estão líderes regionais do PCC,
que teriam sido obrigados pela
facção a preparar o ataque. O
grupo teria sido ameaçado de
morte pela facção caso não
cumprisse a tarefa.
Segundo o delegado Marco
Antonio de Paula Santos, chefe
da Delegacia Seccional de São
Bernardo do Campo, o grupo
foi cobrado pelo comando da
facção criminosa por não ter
participado ativamente dos
ataques contra agentes de segurança realizados entre os
dias 12 e 19 de maio passado.
Os suspeitos teriam ficado
com uma dívida que a facção resolveu cobrar, segundo a polícia. Entre as ameaças apuradas
na investigação policial está a
de obrigatoriamente atender o
telefone celular, não fugindo do
controle do comando. "A ordem era: se der caixa postal,
morre", afirma o delegado.
Segundo ele, o PCC repassou
a ordem de que, se os agentes
não fossem atacados, quem
morreria seriam os líderes locais da facção. Os suspeitos teriam obedecido por medo, segundo a polícia.
Esse medo teria sido revelado também no momento em
que os suspeitos teriam se despedido de suas famílias. Eles teriam falado que iriam para uma
tarefa difícil e poderiam não retornar, segundo monitoramento feito pela polícia.
Márcio José dos Santos, o
Marcinho, por exemplo, um
dos mortos ontem, teve uma
ascensão rápida na hierarquia
da quadrilha em Diadema nos
últimos 15 dias, desde que cinco
integrantes do grupo foram
presos em outra operação policial. A ascensão rápida obrigou
Marcinho a demonstrar força,
segundo avaliação da polícia.
Com a pressão do comando
do PCC, a quadrilha preparou o
ataque primeiro monitorando
a rotina dos agentes -tarefa
desempenhada principalmente
pelas mulheres. Depois, carros
foram roubados. As armas foram conseguidas com criminosos de outras quadrilhas.
(GILMAR PENTEADO E KLEBER TOMAZ)
Texto Anterior: Há 50 anos: Atos agitam América Latina Próximo Texto: Familiares admitem elo de vítimas com o PCC, mas acusam policiais de abuso Índice
|