São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Traficante preso deu a ordem para atacar

Mandante está no presídio de Presidente Venceslau, segundo a investigação

Segundo a polícia, grupo foi ameaçado de morte pela facção caso não preparasse a investida contra os agentes penitenciários


DA REPORTAGEM LOCAL

Investigação policial aponta que a ordem para atacar agentes penitenciários na região do ABC partiu, de dentro da cadeia, do traficante José Dilson, o Birosca.
Ele está preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), onde foram isolados, no mês passado, 400 líderes do PCC. Segundo a polícia, o maior rigor nos presídios, principalmente em relação aos líderes, seria a causa da ação.
Mesmo preso, Birosca comandaria o tráfico de drogas no Morro do Samba, em Diadema, e em outros locais de São Bernardo e também nas favelas Pedreira e Jardim do Luso, na zona sul da capital paulista.
Birosca também teria encomendado um mural no Morro do Samba, descoberto em janeiro deste ano, no qual PMs apareciam sendo metralhados por criminosos. Segundo a polícia, o painel de três metros de altura e 20 metros de comprimento foi feito por um grafiteiro por ordem de Birosca.

Sob ameaça
As pessoas mortas ontem são de Diadema e São Bernardo. De acordo com a polícia, entre eles estão líderes regionais do PCC, que teriam sido obrigados pela facção a preparar o ataque. O grupo teria sido ameaçado de morte pela facção caso não cumprisse a tarefa.
Segundo o delegado Marco Antonio de Paula Santos, chefe da Delegacia Seccional de São Bernardo do Campo, o grupo foi cobrado pelo comando da facção criminosa por não ter participado ativamente dos ataques contra agentes de segurança realizados entre os dias 12 e 19 de maio passado.
Os suspeitos teriam ficado com uma dívida que a facção resolveu cobrar, segundo a polícia. Entre as ameaças apuradas na investigação policial está a de obrigatoriamente atender o telefone celular, não fugindo do controle do comando. "A ordem era: se der caixa postal, morre", afirma o delegado.
Segundo ele, o PCC repassou a ordem de que, se os agentes não fossem atacados, quem morreria seriam os líderes locais da facção. Os suspeitos teriam obedecido por medo, segundo a polícia.
Esse medo teria sido revelado também no momento em que os suspeitos teriam se despedido de suas famílias. Eles teriam falado que iriam para uma tarefa difícil e poderiam não retornar, segundo monitoramento feito pela polícia.
Márcio José dos Santos, o Marcinho, por exemplo, um dos mortos ontem, teve uma ascensão rápida na hierarquia da quadrilha em Diadema nos últimos 15 dias, desde que cinco integrantes do grupo foram presos em outra operação policial. A ascensão rápida obrigou Marcinho a demonstrar força, segundo avaliação da polícia.
Com a pressão do comando do PCC, a quadrilha preparou o ataque primeiro monitorando a rotina dos agentes -tarefa desempenhada principalmente pelas mulheres. Depois, carros foram roubados. As armas foram conseguidas com criminosos de outras quadrilhas.
(GILMAR PENTEADO E KLEBER TOMAZ)


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