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Familiares admitem elo de vítimas com o PCC, mas acusam policiais de abuso
DA REPORTAGEM LOCAL
No IML (Instituto Médico
Legal) de São Bernardo do
Campo, para onde 10 dos 13
corpos foram levados, familiares admitiram o envolvimento
dos suspeitos com a facção criminosa PCC, mas afirmaram
que eles foram mortos sem
chance de se defender.
Oficialmente a polícia fala
que os bandidos morreram durante troca de tiros no ABC.
"Quando ele falou para a gente que estava no PCC, a família
ficou aflita", declarou a irmã de
um dos mortos.
"Ele era bandido, já tinha sido preso antes, mas agora foi
executado. Ele nem estava no
local do tal tiroteio com a polícia. Tenho certeza de que os policiais o pegaram, o levaram para algum lugar e deram tiros
nele", afirma a garota.
Assim como ela, mais duas
outras pessoas ouvidas pela
Folha confirmaram que seus
parentes eram membros da
facção criminosa.
"Eu sei que eram do PCC,
mas isso não me importa. Não
me importa o que eles faziam",
fala uma senhora que diz ter 55
anos e afirma ter dado moradia
gratuita para pelo menos quatro dos mortos.
"Tratava-os como filhos. Eles
não tinham onde ficar. O Boy
[apelido de Adriano Wilson da
Silva, líder da facção em São
Bernardo] morava por aqui.
Era namorado daquela moça",
aponta para uma adolescente.
A mulher também crê que a
polícia planejou as mortes.
"Não gosto de policial. Ele só
quer saber de matar."
No final da tarde, o portão de
entrada do IML ficou repleto
de pessoas procurando parentes. Muitos foram à unidade de
Diadema, onde estavam outros
três corpos de suspeitos.
Mesmo assim, não puderam
entrar na sala de necropsia para reconhecer os mortos. Impaciente, um homem de cerca de
30 anos, com uma cicatriz no
lábio superior, desabafou.
"Você está procurando alguém aí? Meu irmão está aí. Os
policiais grampearam o celular
dele. Os caras pegaram pesado.
Os companheiros que estão aí
[no IML] são todos do partido
[PCC]. Quem é teu parente?",
indaga à reportagem, e fica
quieto na seqüência ao saber
que falava com um jornalista.
No final da tarde, familiares
puderam identificar os mortos
por meio de fotografias de rosto. Um deles, Pedro de Sousa,
soube que a filha Ana Paula, 26,
era a única mulher morta.
"Ela se envolveu com bandido. Foi o que a escrivã de polícia
me disse", afirmou Sousa. Segundo ele, a filha era secretária
num curso de inglês e lhe disse
anteontem que sairia com uma
amiga. "Nunca duvidei."
(GP E KT)
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