São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Com medo, agentes já ameaçam parar serviço

Alvos do PCC, funcionários podem neglicenciar atendimento feito aos presos

Medidas em represália à facção incluem deixar de separar brigas nos pátios, de isolar presos rivais e de entregar medicamentos


RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sindicato dos agentes penitenciários de São Paulo afirmou ontem que negligenciará o atendimento aos detentos nas unidades prisionais caso a categoria continue ameaçada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). "O nosso pessoal não está a fim de brigar com o crime organizado. A briga deles [criminosos] é contra o Estado, não contra nós", disse o secretário-geral do Sifuspesp (Sindicato dos Funcionário do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), Antônio Ferreira.
A "represália" contra os detentos inclui deixar de separar brigas nos pátios, de isolar presos rivais e de entregar medicamentos. "Eles [detentos] vão experimentar o mesmo veneno. Hoje a gente colabora com eles nas unidades. Isso vai acabar. A gente está sempre cumprindo o nosso dever. A partir do momento em que começam a matar [agentes], para que vão trabalhar? Vão entrar [nas unidades] para morrer?"
Ontem, cerca de 15 agentes do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Parelheiros (zona sul) protestaram antes de entrar na unidade. O grupo pediu mais segurança. Na ação em que supostamente evitou o ataque a agentes ontem no CDP de São Bernardo, a polícia atuou "bem", diz o sindicato.

Armados
Diante do risco de ataques, a entidade passou a recomendar cuidado aos agentes. "Somos a bola da vez", afirmou Danilo Bomfim, assessor do sindicato. Medida semelhante ocorreu na ocasião dos atentados do PCC às forças de segurança no Estado, em maio, e voltou a ser aplicada agora, especialmente depois que a categoria soube ser o novo foco dos criminosos.
Ferreira diz que, embora não tenham porte de arma, os agentes passaram a andar armados como forma de precaução. Quatro agentes foram presos pela polícia na última semana por esse motivo. O porte de arma para os agentes está em discussão na Secretaria da Administração Penitenciária.


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