São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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ÁLVARO VIOTTI VIEIRA (1916-2011)

Alfaiate que se tornou escritor

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Aos 12 anos, Álvaro Viotti Vieira perdeu o pai, alfaiate. O mineiro de Caldas teve então de assumir com os irmãos, um de 13 e outro de 15, o negócio do pai na cidade.
Além de ter, por longos anos, também exercido a profissão de alfaiate, chegou a ser escrivão de polícia e, já velho, decidiu vender brinquedos da Bandeirante.
O filho Oscar lembra que, na época, ninguém acreditou que ele se sairia bem. No segundo mês de trabalho, porém, Álvaro já era o campeão de vendas de sua região.
Depois de morar em municípios como Campestre (MG), Jacutinga (MG) e Londrina (PR), estabeleceu-se em Sorocaba (SP) em 1962.
Em 1991, aos 75, decidiu virar escritor. Com sete livros editados, assumiu há alguns anos a cadeira nº 27 da Academia Sorocabana de Letras.
Segundo a família, Álvaro era um devorador de livros. Se ganhasse algum de presente, demorava no máximo dois dias para lê-lo inteiro.
Chegou a esboçar uma autobiografia, mas a família decidiu chamar um jornalista para contar sua trajetória. Desconfiado, demorou até se abrir. Mas "Exemplo - A Vida do Alfaiate e Escritor Álvaro Viotti Vieira", de Rui Albuquerque, ficou pronto.
Apesar da idade avançada, tinha ótima memória. Recentemente, um amigo que o visitava lhe declamou um salmo. O trecho estava incorreto, e Álvaro o corrigiu.
Viúvo há dois anos, morreu na segunda, aos 94, após uma parada cardíaca. Teve três filhos, oito netos e nove bisnetos. No próximo 7 de julho, a família pretende relançar a primeira obra do alfaiate: "Dimas, O Bom Ladrão".

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