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SAÚDE
Funasa afirma que 21 veículos, todos novos, estão em galpão de SP à espera de ser deslocados para outras cidades
Carros da dengue estão há 6 meses parados
DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Vinte e um carros que deveriam
ser usados no combate à dengue
estão parados há cerca de seis meses em terreno do Comando Militar do Sudeste, na rua Abílio Soares, Paraíso (zona sul de São Paulo). A Funasa (Fundação Nacional
de Saúde) afirma que os veículos
são de sua "reserva estratégica", à
espera para serem deslocados a
outras cidades das regiões Sudeste e Sul do país.
Segundo o diretor de administração da Funasa, Celso Tadeu Silveira, 47, os automóveis ainda
não foram utilizados porque não
houve necessidade. "Não ocorreu
nenhuma situação emergencial
que justificasse o envio."
Os carros - 15 Fiat Strada e seis
camionetes Ford Ranger- têm
adesivos de "Combate à dengue"
e inscrições do Ministério da Saúde e da Funasa. Todos são novos,
estão com placas brancas federais
e nunca foram usados.
Eles custaram aos cofres públicos federais R$ 437,7 mil, mais os
gastos com gasolina e manutenção. Na quarta-feira, o Ministério
da Saúde anunciou que está ampliando em 35,2% a previsão de
investimentos no combate à
doença neste ano. A previsão inicial, de R$ 765 milhões, passará a
cerca de R$ 1 bilhão em 2002.
O número de casos de dengue
registrados no país pelo Ministério da Saúde de janeiro a julho é o
maior nos últimos 16 anos. No Estado de São Paulo, foram 34.507
casos autóctones -quando a
pessoa contrai a doença no próprio Estado. No município, há registro de 2.433 pessoas contaminadas pelo Aedes aegypti. Desses
casos, 338 são autóctones.
O diretor Tadeu Silveira afirma
que qualquer secretaria de saúde
estadual ou municipal pode solicitar veículos da frota estacionada, desde que haja uma situação
emergencial. Mas as secretarias
estadual e municipal de São Paulo, por exemplo, afirmam não terem sido informadas que os carros estavam à disposição.
Luiz Jacintho Silva, 52, superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias),
da Secretaria Estadual da Saúde,
diz que a epidemia está controlada no Estado e que a quantidade
de carros disponíveis para o combate à doença são suficientes.
Mas, diz ele, os 21 carros parados
poderiam renovar a frota atual.
A superintendência tem atualmente 436 carros nas dez regionais que atendem o Estado. Os
mais novos foram comprados em
convênio com a Funasa: 104 em
1998 e 21 em 2000, representando
cerca de 28,7% da frota. Mas do
total de carros, 43,3% foram fabricados nos anos 80.
Escondidos
Os 21 carros da reserva estratégica estão quase escondidos entre
um galpão utilizado como garagem pelo Exército e o muro da rua
Tutóia. O mato sem corte, os outdoors e os muros impedem a visão de quem caminha pela rua.
Somente os moradores dos edifícios da região acompanham a "estadia" dos automóveis.
O zelador Raimundo Francisco
de Lima, 42, afirma que os veículos nunca foram retirados do local. "Eles só mudaram de posição,
mas não saíram daí".
Lima disse ter pensado que
eram carros roubados apreendidos pela polícia, mas estranhou
todos serem brancos e praticamente iguais.
Marcelo de Oliveira, 30, que trabalha na construção de um edifício na rua Tutóia há um ano e cinco meses, calcula que os carros
apareceram estacionados no início do ano. "Foi na época da epidemia no Rio", lembra.
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