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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/ALTERNATIVAS
Cumbica não é opção nos horários de pico
Segundo a Infraero, no começo da manhã e no final da noite aeroporto não tem como receber vôos deslocados de Congonhas
No resto do dia, Guarulhos pode absorver até mais 30 vôos por hora; gargalo é o terminal de passageiros, segundo especialistas
FLÁVIA MARREIRO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
JOHANNA NUBLAT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No horário de pico, Cumbica,
em Guarulhos, considerado alternativa a Congonhas, não
tem como receber mais vôos.
Fora das horas mais movimentadas -entre 7h e 10h e entre
21h e 23h-, o aeroporto consegue absorver até 30% a mais de
aeronaves. O acréscimo corresponde a mais 30 vôos por hora.
Já o aeroporto de Campinas,
também cotado para receber
parte da demanda do aeroporto
paulistano e que já recebe 4
vôos de passageiros/hora, poderia absorver até mais seis aeronaves a cada 60 minutos.
As informações são do diretor de Operações da Infraero,
Rogério Barzellay, que disse
ontem que TAM, Gol, Varig
Log, Ocean Air e BRA apresentaram uma "malha provisória"
para se adaptar às restrições de
Congonhas. A nova configuração de vôos ainda tem de ser
aprovada pela Anac, segundo
ele, e já valeria na segunda.
O governo estima que a demanda a ser retirada de Congonhas seja entre 5 milhões e 6
milhões de passageiros ao ano
(em 2006, o movimento foi de
18,5 milhões). Cumbica conseguiria abrigar 4 milhões a mais.
Viracopos, em Campinas, mais
1,5 milhão de passageiros.
É a avaliação da Infraero, segundo apurou a Folha. Mas especialistas têm dúvidas em relação à viabilidade imediata de
Cumbica e apontam o risco de
o aeroporto repetir os problemas de Congonhas.
Cláudio Jorge Cláudio Alves,
professor do ITA, afirma que,
quanto à capacidade da pista,
Cumbica tem como absorver a
transferência. O gargalo é o terminal de passageiros.
"O terminal não está desenhado para essa operação. Em
um dos terminais, 1/4 das posições está com a Varig, que só
tem 5% do mercado. Um terminal fica às moscas, enquanto
o outro está uma feira livre, dividido pela TAM e Gol", diz.
Ele avalia que em Viracopos
o problema também seria o
terminal. "Além da distância,
os passageiros chegariam lá e
ficariam ao léu."
Para Sérgio Jardim, do escritório de arquitetura Planorcon,
responsável pelo projeto de vários aeroportos, Cumbica só
atende à demanda extra com a
construção de um terceiro terminal. "O grande aeroporto de
São Paulo será Viracopos, pois
tem condições climáticas
ideais, jamais fecha. Mas é necessário fazer um trem ligando
São Paulo a Campinas."
Na avaliação do CGNA (Centro de Gerenciamento da Navegação Naval), as pistas de Cumbica têm capacidade para absorver os vôos redirecionados.
Hoje, acontecem 557 pousos
ou decolagens por dia. A capacidade máxima é de 1.296.
Para o tenente-coronel Gustavo Oliveira, do CGNA, ainda
que Cumbica tenha capacidade
na pista, o ideal é evitar que se
transforme em um novo "hub"
(aeroporto que funciona como
ponto de conexão para destinos em todo o país) das companhias, substituindo Congonhas. Se isso acontecer, avalia,
a "vulnerabilidade" do sistema
só terá se transferido de lugar.
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