São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Moradora de bairro nobre de SP diz que começou a usar crack aos 12 anos

Fernando Donasci/Folha Imagem
Edith (nome fictício), 22, que começou a usar crack com moradores de rua na zona oeste de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Usuária de crack desde os 12 anos, Edith (nome fictício -""põe Piaf aí", brinca), hoje aos 22, não se considera viciada, mas tem "acessos" a cada três ou cinco meses. Mora com os pais em um sobrado em Perdizes, bairro de classe média de São Paulo. Tem dois filhos. Começou a usar a droga com moradores de rua. "Passava o tempo lá, sentada na fogueira, com os mendigos", diz ela, ruiva, de olhos verdes e aparência saudável.
(JEC)

 

FOLHA - Quando foi a última vez?
EDITH
- Há um mês, fiquei três dias em uma casa no Capão Redondo. Eu acordava e ia dormir, e tinha gente usando. Se precisava de dinheiro, uma menina de 12 anos saía para fazer sexo oral com o padeiro, com o vendedor de churrasquinho, e voltava. Lá, você vê a rotina do viciado.

FOLHA - Você não sente falta?
EDITH
- De três em três ou de cinco em cinco meses dá uma coisa em mim. Já cheguei a fumar 40 pedras, mas chega uma hora em que não quero mais. Sinto uma adrenalina muito grande, um estalo na cabeça na hora em que fumo.

FOLHA - Vai muito dinheiro?
EDITH
- Já gastei uns mil reais com um pessoal viajando.

FOLHA - Como você começou?
EDITH
- Eu tinha 12 anos, estava na linha do trem [perto da Barra Funda], e lá tinha uns mendigos fumando. Fui procurar maconha, e eles ofereceram, experimentei a pedra na lata. Depois, fumei no cachimbo. Passava o tempo lá, sentada na fogueira, com os mendigos. Com o tempo, nem queria mais maconha.

FOLHA - E você afundou no vício?
EDITH
- Conheci um cara que era mestre em estourar carro. A gente pulava o muro da escola e saía por aí. Ia buscar a droga no centro. Meu namorado descobriu e começou a me tirar de lá, brigava com os moleques. Eu saí de casa, e andava todo mundo loucão.

FOLHA - E foi morar onde?
EDITH
- Tirei o colchão de casa e fomos para uma casa abandonada na rua Tucuna. Ficava o dia lá, peguei sarna. A mãe do meu namorado percebeu que eu não parava de me coçar. Me levaram ao médico. Comecei a dormir na casa do meu namorado e parei de fumar um tempo. Tive dois filhos. Na segunda gravidez, que eu não tinha descoberto ainda, continuei fumando uns meses.


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