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SAÚDE
Congresso alerta que muitos procedimentos podem trazer risco a bebê
Médico pede cautela no uso de técnicas de reprodução
CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO
As técnicas de reprodução assistida devem ser utilizadas como o
último recurso no tratamento de
um casal infértil. Muitas delas ainda são experimentais e podem
oferecer riscos ao futuro bebê.
O alerta foi feito por médicos
durante o congresso da SBRA
(Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida), que terminou
anteontem em Campos do Jordão
(167 km a noroeste de São Paulo).
Anualmente, nascem no Brasil
cerca de 1.400 bebês de proveta.
Como não existe uma legislação
específica que regulamente a prática no país, os médicos temem
que as técnicas estejam sendo banalizadas por algumas clínicas.
Um dos temas mais polêmicos
discutidos durante o congresso
foi a transferência de citoplasma,
técnica utilizada em mulheres acima de 40 anos, cujos óvulos apresentam poucas chances de fertilização. O método consiste em retirar o citoplasma de uma mulher
mais jovem e transferi-lo para o
óvulo de uma mulher mais velha
com o objetivo de "vitaminá-lo".
O risco apresentado pela transferência de citoplasma está na
possibilidade de transferir também material genético da doadora. Com isso, essa criança teria informações genéticas do pai, da
mãe e da doadora.
Para o médico Roger Abdelmassih, especialista em reprodução e pioneiro no uso da técnica
no país, a transferência de citoplasma não traz riscos à saúde do
bebê. Ele afirma que cerca de 50
crianças já nasceram por meio
dessa técnica em sua clínica, e "todas são absolutamente normais".
Em todos esses procedimentos,
segundo Abdelmassih, os pais assinaram um termo de compromisso em que são informados sobre a possibilidade de o filho herdar material genético da doadora.
Para a médica Bella Zausner, de
Salvador, ainda é muito cedo para
afirmar que essa técnica é segura.
"Só daqui a duas gerações é que
vamos saber se essas crianças não
têm sequelas", afirma Bella.
O presidente SBRA, Edson Borges, considera que tanto a transferência de citoplasma quanto outras técnicas usadas nas clínicas
de reprodução espalhadas pelo
país são experimentais e deveriam ser comprovadas cientificamente antes de serem adotadas
como prática clínica.
Ele afirma que a partir do próximo ano todas as clínicas cadastradas na SBRA vão passar por fiscalização. Elas terão de cumprir
uma série de requisitos para conseguir uma espécie de "selo de
qualidade" da entidade.
Segundo Edson Borges, presidente da Sociedade Brasileira de
Reprodução Assistida, as clínicas
que cometerem infrações graves
estarão sujeitas a multas e até a interdição pela Vigilância Sanitária.
A jornalista Cláudia Collucci viajou a
Campos do Jordão a convite da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
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