|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO OLIVETTO
STF aprova volta de Norambuena ao Chile, mas quer cumprimento da pena brasileira; presidente pode abreviar prazo
Extradição de seqüestrador depende de Lula
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a extradição do chileno Mauricio Hernández Norambuena, preso e condenado no
Brasil sob acusação de comandar
o seqüestro do publicitário Washington Olivetto entre 2001 e
2002, mas impôs uma exigência
ao governo do Chile e condicionou a saída imediata à decisão do
presidente Lula.
Pela primeira exigência, o governo chileno terá de se comprometer a substituir as duas penas
de prisão perpétua contra Norambuena naquele país em prisão
temporária de até 30 anos.
O tribunal condicionou a extradição ao cumprimento da pena
brasileira, também de 30 anos, a
não ser que, por razões políticas
ou diplomáticas, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva decida
extraditar o condenado chileno
antes desse prazo.
Acordo de extradição
O Ministério da Justiça informou que a ida de Norambuena
poderá ser imediata, por decisão
dos dois países. O motivo é a existência de tratado bilateral de
transferência de presos.
No Brasil, o seqüestro é crime
hediondo, e os condenados por
esse tipo de delito não têm direito
a progressão do regime, mas o
STF está para rever essa questão e
permitir a atenuação da pena.
Se isso ocorrer, Norambuena terá a chance de ficar apenas cinco
anos preso no Brasil, incluindo os
dois e meio já cumpridos, mas poderá permanecer aqui em regime
semi-aberto.
No Chile, o tempo de cumprimento da pena aqui poderá ser
descontado na execução das condenações de lá, afirmou o relator
do processo de extradição, ministro Celso de Mello.
A extradição foi aprovada por
decisão unânime. A transformação das penas de prisão perpétua
foi exigida porque a Constituição
brasileira não admite prisões dessa natureza. Nesse ponto, os ministros Carlos Velloso e Nelson
Jobim foram contra.
O advogado de Norambuena,
Jaime Alejandro Salazar, disse
que o seu cliente quer retornar a
seu país para ficar próximo a seus
familiares, negou que o objetivo
seja usufruir de eventuais benefícios na prisão lá e reclamou do regime do presídio de segurança
máxima de Presidente Bernardes
(SP), onde ele cumpre a pena.
Olivetto foi seqüestrado na noite de 11 de dezembro de 2001, ao
deixar a sua agência, a W/Brasil.
Foi mantido em um cativeiro por
53 dias. O publicitário foi procurado ontem à noite, mas não foi
localizado.
Norambuena e os outros acusados foram presos em fevereiro de
2002. Integrante de organização
de esquerda Frente Patriótica Manuel Rodríguez, Norambuena foi
condenado no Chile à prisão perpétua pelo assassinato do senador
Jaime Guzmán, por quadrilha armada e pelo seqüestro de Cristián
Edwards del Rio, filho do dono do
jornal "El Mercurio", entre 1991 e
1992. Em dezembro de 1996, ele
fugiu da prisão.
Relator do processo de extradição, Celso de Mello descartou a
natureza política tanto do seqüestro de Olivetto como dos crimes a
que foi condenado no Chile, embora todos tenham sido reconhecidamente motivados por atividade terrorista. A Constituição brasileira proíbe a extradição no caso
de crime político.
Texto Anterior: Há 50 anos: Enterrado Getúlio Vargas em São Borja Próximo Texto: Crime hediondo: STF poderá reformular orientação Índice
|