São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2004

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SAÚDE PÚBLICA

Ministério estuda incluir nas campanhas de massa a imunização contra rotavírus, varicela, pneumococo e meningococo

Calendário oficial pode ter mais 4 vacinas

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde estuda incluir quatro novas vacinas no calendário oficial do país já a partir de 2005. As vacinas contra o rotavírus (que causa diarréia e desidratação), varicela (ou catapora), pneumococo (causa pneumonia e até meningite) e meningococo (meningite) poderão ser gratuitas e fazer parte do Programa Nacional de Imunização.
A avaliação está sendo feita pela Secretaria de Vigilância em Saúde. Até o final do ano, será concluído estudo sobre o custo-benefício de incluir as doses em campanhas de vacinação em massa.
Para o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, é importante levar em conta o alto custo das doses e o quanto elas podem evitar os sorotipos (diferentes tipos de agentes) mais freqüentes no Brasil.
A vacina conjugada contra o pneumococo, por exemplo, chega a custar R$ 90 em laboratórios particulares. "Comprando em grandes doses podemos garantir preços menores, mas é preciso avaliar o custo-efetividade."
O governo paga atualmente menos de R$ 4 por dose da tríplice viral (caxumba, rubéola e sarampo), que faz parte do Programa Nacional de Vacinação. Na campanha que irá até o dia 3 de setembro, a meta é distribuir 17 milhões de doses.

Tirar a motivação
Outro ponto que o ministério leva em consideração é o acréscimo de "mais uma picada". Além de causar desconforto -mesmo que pequeno- às crianças, uma nova dose pode desmotivar os pais a cumprir o calendário de vacinações à risca.
Preocupa ainda a chance de um maior número de vacinas trazerem mais reações alérgicas, como as ocorridas com a tríplice viral nos últimos dias.
Segundo o secretário, mesmo que as vacinas não sejam incluídas no calendário do próximo ano, é possível começar uma negociação com os laboratórios produtores. Até porque, disse, conseguir um fornecimento de milhões de doses exige tempo.
A vacina do rotavírus -virose que causa diarréia prolongada (com duração de até oito dias), vômito e febre e que pode evoluir para a desidratação- é uma das principais candidatas, já que o país registra altos índices da doença todos os anos.
O rotavírus é responsável por pelo menos 20% dos casos de diarréia no país. As maiores vítimas são crianças de até seis anos.
Mesmo assim, Barbosa afirma que é preciso fazer um estudo para avaliar se não é mais efetivo tratar a diarréia com as armas de baixo custo já existentes, como o soro fisiológico.
A doença, que pode levar à morte, tem relação direta com a falta de higiene. Sua transmissão ocorre por via fecal-oral, de pessoa para pessoa ou por alimentos, água ou objetos contaminados.

Imunização possível
O governo estuda a imunização contra varicela (ou catapora), doença ainda considerada benigna por alguns médicos, porque a doença pode levar à morte. Além disso, uma vez contraído, o vírus permanece adormecido no corpo e pode ser reativado, causando outro mal, o herpes-zoster (chamado também de cobreiro).
As vacinas em estudo contra o pneumococo e o meningococo são as conjugadas, que atuam contra mais de um sorotipo (os mais freqüentes na infância).
Atualmente, fazem parte do calendário oficial: BCG (tuberculose), hepatite B, poliomielite, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), Hib (meningite), tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) e febre amarela (em áreas endêmicas).


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