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Quadrilhas falsificam até contrabando
Produtos forjados, como cópias do paraguaio Pramil, chegam a ter menos de 1% do princípio ativo do medicamento original
Até mesmo itens que têm a comercialização proibida no Brasil, como anabolizantes e droga similar ao Viagra, são produzidos por grupos
DA REPORTAGEM LOCAL
Além dos medicamentos oficiais falsificados, o Brasil tem
registrado aumento de drogas
contrabandeadas adulteradas.
São os "tabajaras", no jargão
policial, em geral vendidos pela
internet. Os mais freqüentes
são os anabolizantes, as drogas
abortivas (Cytotec) e, de novo,
remédios para disfunção erétil,
especialmente a cópia falsa do
Viagra, o paraguaio Pramil, cuja
caixa chega a custar a metade
do preço do remédio oficial.
Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação,
esses estimulantes forjados
possuem menos de 1% do princípio ativo do medicamento
verdadeiro. No ano passado, a
associação recolheu mais de 12
mil cartelas de Pramil.
Em maio deste ano, a polícia
de São Paulo desvendou, por
meio de escutas telefônicas e
investigações na internet, uma
quadrilha na capital paulista
que comercializava esses produtos. Pelo menos duas pessoas
foram detidas e outras três estão foragidas.
Na casa de um dos acusados,
havia anabolizantes para uso
humano e veterinário -a maioria falsa-, rótulos, frascos e bulas. Os produtos eram misturados e reenvasados.
Anabolizantes são hormônios à base de testosterona. O
exagero causa problemas hepáticos, renais e fraqueza, atacando o coração, o fígado e os rins.
Em um caso mais grave, pode
provocar até câncer.
R$ 1 milhão por ano
Segundo o delegado Antonio
Augusto Rodrigues da Silva, um
dos acusados recebeu, durante
uma quinzena, de 40 a 50 ligações por dia. A estimativa da
polícia é que a quadrilha movimentava por ano R$ 1 milhão.
No Brasil, a venda de anabolizantes é autorizada apenas com
receita médica. A reposição de
testosterona no organismo
masculino é indicada para alguns tipos de doenças ou para
casos de defasagem hormonal.
Dados da Associação Brasileira de Estudos e Combate ao
Doping mostram que, nos últimos oito anos, pelo menos 18
pessoas morreram vítimas de
anabolizantes -quatro delas
no ano passado. A idade média
é de 26 anos. Não se sabe quantas dessas mortes foram causadas por produtos falsos.
Alexandre Pagnani, presidente da Associação e da Confederação Brasileira de Culturismo e Musculação, afirma
que todas essas vítimas eram fisiculturistas, praticantes de lutas e de musculação. "É um
problema sério, que temos denunciado desde 1997, mas até
agora não existe uma ação efetiva para coibir o contrabando
desses produtos nas fronteiras,
nos portos e nos aeroportos."
Ainda de acordo com ele, a
aplicação de anabolizantes de
uso animal tem sido grande e as
forças policiais e de vigilância
sanitária não conseguem conter esse mercado.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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