São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Entidades afirmam que salário baixo afasta médico

Cooperativas defendem que dão a profissionais maior poder de negociação

Paralisações são resultado de maior organização e mobilização da categoria contra falta de condições de trabalho, diz dirigente

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Representantes de associações de médicos e das cooperativas afirmam que, se os governos remunerassem melhor os médicos, eles não precisariam recorrer às cooperativas.
"Se os Estados fizessem concursos públicos com uma remuneração digna e atraente, os médicos com certeza iriam fazer as provas. Agora, não adianta fazer um concurso público para pagar um valor absurdo para o profissional. Desse jeito, o médico não tem que fazer o concurso mesmo", disse o presidente da Coomeb (Cooperativa dos Médicos do Brasil), Giovanni Rattacaso, que reúne cerca de 2.000 profissionais em cinco Estados da região Nordeste e no Pará.
"As cooperativas podem ser um ponto de apoio para o médico e uma forma de união. De forma alguma as cooperativas impõem determinadas coisas para os governos estaduais e as prefeituras. As cooperativas, como estão representando os médicos, têm que buscar melhores condições de remuneração e de trabalho para seus cooperados", completou.
Segundo Rattacaso, as cooperativas não desestimulam os governos a realizar concursos. De acordo com ele, o fortalecimento das cooperativas levou a uma maior conscientização e mobilização aos médicos para realizar paralisações e pedir melhores salários.
Para José Augusto Ferreira, presidente da Federação Nacional das Cooperativas Médicas, os médicos saem do serviço público ou nem ingressam nele porque que as instituições estão sucateadas.
"Os salários são ruins, os concursos não suprem as necessidades e não há plano de carreira e salários. O médico pede demissão mesmo. Isso aconteceu no Nordeste e começa a acontecer em Minas Gerais."
Na avaliação de José Erivaldes de Oliveira, secretário-geral da federação dos médicos, a nova geração de profissionais quer mais qualidade de vida.
"Está acabando aquela era de médicos que precisavam ter inúmeros empregos para conseguir ter uma situação mais decente. Ele não sai [do SUS] só por dinheiro. Sai porque não agüenta mais a falta de segurança, de infra-estrutura."
Há vários tipos de cooperativas médicas atuando no país. As principais reúnem profissionais de um mesmo local de trabalho ou de uma categoria, como a dos anestesiologistas, hoje presente em 22 Estados.
"O médico é, por natureza, muito desorganizado, não cuida bem de valores. A cooperativa veio preencher esse espaço. Gera ganhos nas negociações, ganho de aumento de valores de honorários e de organização do faturamento." (CC e CA)


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