São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

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Beira-mar é condenado por chefiar tráfico da prisão

Polícia Federal monitorou conversas do traficante

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi condenado a 29 anos de prisão pela 2ª Vara Federal de Curitiba por comandar uma quadrilha de tráfico de drogas e armas e por lavagem de dinheiro, tudo de dentro da cadeia. A Polícia Federal monitorou conversas do traficante por um ano e meio -de 29 de maio de 2006 a 22 de novembro de 2007. Inicialmente, Beira-Mar deu as ordens de dentro da Superintendência da PF em Brasília. Segundo a Folha apurou, o telefone celular foi "plantado" na carceragem exatamente para que o traficante pudesse ser monitorado. Em seguida, nos presídios federais de Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS) -onde está preso atualmente-, Beira-Mar passou a dar ordens por meio de mensagens entregues aos visitantes que ele recebia. Nesse período, a PF interceptou, a partir de informações colhidas no monitoramento do traficante, pelo menos seis remessas de drogas e armas, que vinham de avião do Paraguai até o Paraná e depois seriam transportadas de carro até o Rio de Janeiro. No total, foram apreendidos 462 kg de cocaína, 27 kg de maconha, 22 kg de crack, 6 kg de haxixe, duas metralhadoras e dois fuzis. Em uma das mensagens de texto interceptadas, Beira-Mar detalha qual será a função de cada membro da quadrilha nas operações. No final da mensagem, ele pede que, se algum integrante do grupo tiver alguma dúvida, que fale imediatamente -porque quando ele perder contato telefônico "as coisas vão continuar como estou deixando".
Fênix
A condenação de anteontem é resultado da operação Fênix, encerrada pela PF em novembro de 2007. A ação culminou com a apreensão de armas, drogas, carros de luxo e uma fazenda no Paraguai, além de ter desarticulado empresas de fachada no Rio de Janeiro criadas para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas e de armas. Outras 14 pessoas também foram condenadas no mesmo caso. Entre elas está a mulher de Beira-Mar, Jaqueline Moraes da Costa (20 anos e cinco meses por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico), o cunhado dele, Ronaldo (18 anos e oito meses por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico), e o filho do traficante, Felipe (cinco anos, por crime de lavagem de dinheiro).
Recurso
O advogado de Beira-Mar e de seus familiares, Wellington Correa da Costa Júnior, disse que apresentará recurso de apelação contra as sentenças no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Ele afirmou que não poderia se manifestar sobre o caso, pois ainda não tinha conhecimento dos detalhes que fundamentaram as condenações. Há 12 dias, Beira-Mar foi condenado em outro processo no Rio por associação ao tráfico de drogas, a seis anos de prisão, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. No total, ele responde a processos que já o condenaram a 67 anos de prisão, a maior parte relacionada ao tráfico de drogas.

Colaborou EVANDRO SPINELLI, da Reportagem Local



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