São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Governista busca cargos com impasse

MALU GASPAR
da Reportagem Local

Os vereadores da base de apoio ao prefeito Celso Pitta estão usando o impasse na votação da CPI da oposição para cavar cargos no governo paulistano. Ontem, depois de ter sido votada seis vezes sem definição, a CPI não foi nem discutida porque não havia quórum para pôr projetos em votação.
Apenas 25 vereadores registraram presença, ainda que 45 tivessem comparecido à sessão. O número de vereadores governistas que vem se abstendo ou faltando seria suficiente para derrubar a proposta.
Eles admitem, nos bastidores, que, apesar de serem contra a CPI, esperam um "sinal" do prefeito de que não terão sua imagem abalada diante da opinião pública "de graça".
São necessários 28 votos para que a questão se defina. Para isso, seriam suficientes os votos de quatro vereadores do PTB, seis do PMDB, dois do PPB e um do PFL que faltaram à votação de anteontem.
Mas, durante aquela votação, quatro vereadores do PTB se abstiveram, dois dos quais -Natalício Bezerra e Amorim- votaram contra na sessão anterior.
No PMDB, quatro vereadores que haviam votado contra a CPI resolveram não registrar seus nomes no painel eletrônico -Ivo Morganti, Jooji Hato, Faria Lima e Antônio Goulart.
Em ambos os partidos os vereadores manifestam insatisfação com o prefeito. Eles sabem que pelo menos três secretarias -Habitação, Finanças e Serviços e Obras- devem ter seus titulares trocados pelo prefeito nas próximas semanas e querem ocupar esse espaço.
No PTB, a maior reclamação é o fato de o prefeito ter negociado com a bancada, em junho, a Secretaria da Habitação, e depois não cumprir a promessa. Além disso, afirmam que Pitta "atropelou" a bancada ao negociar sua filiação no partido diretamente com o deputado Campos Machado. Pitta acabou não se filiando.
Já os vereadores do PMDB, que já rejeitou a filiação de Pitta, não querem parecer estar em busca de cargos. Dizem que eles devem ser oferecidos ao partido. Caso Pitta faça uma boa oferta, o PMDB daria pelo menos sete votos contra.
O secretário de Comunicação Social de Pitta, Antenor Braido, afirma que a negociação com os partidos já vem acontecendo há algum tempo e que "a reivindicação de mais espaço no governo é legítima".
À oposição resta esperar um erro de Pitta para ganhar os votos de que precisa. "Qualquer rebeldia pode ser benéfica para nós, que já chegamos até a 25 votos", diz Roberto Trípoli (PSDB).


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