São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Inquérito reúne denúncias de 'apartheid'

da Reportagem Local

Próteses ortopédicas cobradas de pacientes do SUS, reservas de leitos para a clientela pagante e recusa de atendimento são algumas das denúncias reunidas no inquérito que corre desde março no Ministério Público sobre a "dupla entrada" do HC.
A paciente Idália Silva Vieira foi ao hospital no início deste mês e tentou marcar um exame para diagnóstico de osteoporose. Ela diz ter sido informada que os horários estavam preenchidos até o fim do ano e que os agendamentos só não estavam suspensos para pacientes conveniados e particulares.
Outro paciente, Edison Marinho Nogueira, conta que amputou uma das pernas há oito anos e, na época, recebeu uma prótese no próprio HC, gratuitamente. Seu aparelho quebrou no mês passado e, seu médico, do Instituto de Ortopedia do HC, prescreveu nova prótese. Mas para recebê-la, Nogueira teria de pagar R$ 440. "Minha mulher teve de pedir esmolas para conseguir pagar."
O inquérito traz ainda o depoimento da paciente Ana Maria Caetano, que tinha um caroço no ombro direito e procurou o hospital em agosto de 97. Seu médico prescreveu uma cirurgia plástica, que não havia sido realizada por falta de vaga pelo menos até julho deste ano.
Segundo Nilson Valério Primo, presidente da Associação dos Servidores do HC, o prazo de espera para consultas pode demorar de seis meses a um ano.
"Quando não há pacientes ocupando os leitos destinados aos particulares ou conveniados, os leitos ficam ociosos", afirma.
"Todos esses depoimentos apontam para discriminação dos pacientes atendidos pelo SUS", diz o promotor Vidal Serrano Júnior. O Hospital das Clínicas não se manifestou sobre essas denúncias. (PL)

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