São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Atendimento no hospital pode piorar

da Reportagem Local

O fim do atendimento diferenciado pode significar a piora do atendimento no Hospital das Clínicas. Sem alguns privilégios, pacientes particulares ou que têm planos de saúde devem deixar de procurar atendimento no hospital. Dessa forma, o HC poderá perder os R$ 12,5 milhões arrecadados com essa clientela.
"Se os recursos representam apenas 3%, não importa. O fato é que são R$ 12,5 milhões a menos no orçamento, para uma instituição que já trabalha com orçamento apertado", diz Paulo Eduardo Elias, professor de medicina preventiva da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador do Cedec (Centro de Estudos de Cultura Contemporânea).
"O Ministério Público está cumprindo seu papel de fiscalizar a lei, ninguém é favorável à discriminação, mas alguém vai ter de suprir esse valor ou haverá repercussão negativa para o atendimento", afirma. A saída seria buscar recursos em outras fontes. "O poder público terá de cobrir pelo menos boa parte desse valor."
Para o procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Marrey, esse argumento tem de ser encarado com cautela. "Se levarmos a questão financeira ao extremo, o serviço de saúde pública será totalmente privatizado", diz.
Os dirigentes de hospitais universitários defendem que esse modelo de "dupla entrada" é a única forma de manter um atendimento de ponta, com qualidade. Eles confirmam a existência de hotelaria diferenciada, mas negam que a qualidade de atendimento seja prejudicada para pacientes do SUS. Os pacientes são atendidos pelos mesmos médicos e utilizam os mesmos equipamentos de alta qualidade.
O HC informou que só vai se pronunciar quando for notificado oficialmente sobre a ação civil pública. (PL)

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