São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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MORTE EM GÊNOVA

Brasileira de 31 anos morre em casa de ator na Itália

Suspeita é que overdose de cocaína tenha causado óbito

DA SUCURSAL DO RIO

DA REDAÇÃO

A brasileira Ana Lúcia Bezerra, de 31 anos, foi encontrada morta anteontem na casa de um ator italiano, em Gênova, na Itália, com suspeita de overdose.
Resultado preliminar da necropsia do corpo de Ana, que morava na Itália havia 14 anos, apontou que ela foi vítima de uma possível overdose de cocaína com possível uso simultâneo de outro medicamento, como um calmante, segundo informações do jornal italiano "La Repubblica".
Ana, que estava legalmente no país e tinha dois filhos com um italiano, de quem já havia se separado, estava na casa do ator de novelas Paolo Calissano, 38. Ele acabou preso por porte de cocaína e por morte em conseqüência de crime cometido (portar e fornecer a droga à brasileira).
O ator, que ainda será interrogado, foi socorrido pelos médicos e já havia tomado uma injeção de um medicamento para tentar cortar o efeito da droga -mas o remédio utilizado só funcionaria em casos de overdose de heroína e não teria efeito contra a cocaína.
A polícia, que apreendeu 30 gramas de cocaína que estavam escondidos em uma caixa de charutos na casa, agora tenta descobrir a origem da droga que possivelmente matou a brasileira, que trabalharia como bailarina.

Assassinato
Ontem, a família de Ana disse acreditar que ela foi assassinada.
O pai de Ana, Reginaldo Bezerra, 55, chamou de "mentira" a hipótese de overdose como causa da morte. Segundo ele, a filha não era usuária de drogas. "Deram um calmante muito forte para ela, um "sossega-leão" que a matou."
Bezerra negou que a filha trabalhasse como dançarina de boate. De acordo com ele, ela atuava em uma firma de montagem de peças de automóveis.
"Minha filha saiu para se divertir. Bebeu muito e passou mal. Como era muito bonita, alguém tentou fazer algo com ela que ela não queria e lhe deram calmante. Mas pode ter sido veneno."
Atualmente desempregado e vivendo de bicos, Reginaldo disse que a notícia da morte da filha "caiu como uma bomba".
Ele conta que soube, na noite de domingo, pela televisão, da morte de uma brasileira na Itália, mas, como o nome não fora divulgado, não imaginou que pudesse ser sua filha. Por volta das 11h30 de ontem, recebeu um telefonema de um amigo de Ana na Itália comunicando o ocorrido. Bezerra declarou que havia tido uma premonição. "Durante a noite, sonhei que estava enterrando meu pai, minha mãe e uma filha", afirmou.
Ele pretende ir ao consulado italiano para saber como transladar o corpo. "Quero a verdade, quero que seja feita a Justiça. Se for preciso ir à Itália, eu vou. Mas o governo precisa me ajudar porque não tenho dinheiro."
A mãe de Ana Lúcia, a jardineira Marlene Bezerra, soube de manhã da morte da filha e chegou a ser internada. Ela vive em Armação dos Búzios, na região dos Lagos, com outros três filhos.
O irmão de Ana Josenaldo Bezerra, 33, também disse acreditar que ela foi assassinada.

Partida
De acordo com o pai, antes de ir para a Itália, Ana trabalhava como doméstica em uma residência em Copacabana (zona sul). Ali, conheceu o italiano com quem iria se casar. Ela deixou o Brasil, grávida, há cerca de 14 anos para viver com ele em Gênova. Tiveram dois filhos -uma menina de 13 e um menino de 10.
Após ter deixado o país, Ana ficou muito tempo sem fazer contato até que, em junho passado, foi a Duque de Caxias (região metropolitana do Rio) visitar o pai.


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