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Anúncio em bem público dependerá de novo projeto
Após acordo, Câmara revoga lei que permitia explorar propaganda no mobiliário urbano
Sindicato do setor estima investimento de até US$ 70 milhões; prefeito disse que não tem prazo para enviar novo projeto à Câmara
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao aprovar a lei que extingue
a publicidade exterior, os vereadores também revogaram a
lei que permitia que o prefeito
Gilberto Kassab (PFL) transferisse à iniciativa privada a exploração da propaganda no mobiliário urbano. A licitação, no
entanto, só poderia ser realizada no final de 2007, com o fim
de contratos em vigor.
A lei revogada, sancionada
em janeiro de 2003 por Marta
Suplicy (PT), autorizava a prefeitura a licitar a publicidade
em locais como pontos e totens
de paradas de ônibus, painéis
publicitários, quiosques, relógios e cabines de segurança.
Pela lei revogada, nenhuma
empresa poderia vencer a licitação em todos os lotes em que
estaria dividida a cidade, além
de estabelecer prazo máximo
de 20 anos de concessão.
Ontem, tanto Kassab como o
presidente da Câmara, Roberto
Tripoli (sem partido), declararam que a revogação da lei foi
uma forma de retirar possíveis
pontos conflitantes da legislação municipal em torno da propaganda externa. ""Com o fim
da publicidade externa, há uma
nova situação, a lei precisava
ser revogada", disse Tripoli.
""Foi de comum acordo entre
o secretário Aloysio [Nunes
Ferreira, de Governo] e os vereadores", disse o prefeito.
Porém, entre vereadores circula uma outra versão, a de que
a Câmara, para conceder a Kassab uma vitória tão contundente em um assunto delicado,
quer participar da elaboração
das novas regras para a licitação do mobiliário urbano.
Os vereadores podem, por
exemplo, reduzir o tempo de vigor dos contratos ou impedir a
participação de empresas estrangeiras na licitação. Podem
ainda abrir a possibilidade de
outdoors em espaços públicos.
Trata-se de um negócio milionário que, com a aprovação
do fim da concorrência dos outdoors e painéis eletrônicos,
tende a se valorizar ainda mais,
de acordo com o secretário de
Governo.
O Sepex, sindicato das empresas de publicidade exterior,
estima que o investimento para
explorar o mobiliário urbano
alcance de US$ 50 milhões a
US$ 70 milhões (R$ 107,5 milhões a R$ 150,5 milhões).
Quando privatizar a exploração desse mercado, a prefeitura
terá direito a cobrar uma contrapartida pela concessão.
"A Câmara não pode ficar fora de uma questão importante
como a do mobiliário", diz o líder do PT, principal partido de
oposição, Arselino Tatto.
Kassab, indagado sobre
quando vai enviar a lei para licitar o mobiliário urbano, evitou
falar em prazos, dizendo que a
decisão ainda depende de discussões com seu secretariado.
O prefeito afirmou que, pessoalmente, defende a privatização do mobiliário, para poder
financiar outro projeto que
considera prioritário, que é a
retirada dos fios e cabos aéreos.
O prefeito quer aterrar a fiação
para dar continuidade aos programas contra poluição visual.
""Se o secretariado apontar
outra fonte de recursos [para o
aterramento dos fios], posso
nem mandar o projeto", diz.
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