São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Criminalidade volta a subir em São Paulo

Estado tem alta de homicídios pelo 3° mês na comparação com o ano passado; na capital, aumento foi de 23,81%

Roubos e furtos também aumentam em todo o Estado; especialista diz se tratar de 'oscilação'

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN

DE SÃO PAULO

O número de homicídios voltou a crescer no Estado de São Paulo. As delegacias registraram em agosto deste ano 10,48% mais casos de assassinatos na comparação com o mesmo mês em 2010.
Trata-se do terceiro mês seguido em que São Paulo tem alta de homicídios dolosos -com intenção de matar- na comparação com o mesmo período do ano passado.
O crescimento de casos de assassinato foi alavancado pelos crimes da capital, onde a alta, na comparação com agosto de 2010, foi de 23,81%.
O número de casos não reflete o número exato de vítimas. O homicídio de duas pessoas numa mesma ocasião, por exemplo, é registrado como apenas um caso pela Secretaria da Segurança.

ROUBOS
Além dos assassinatos, as delegacias também registraram mais casos de furtos e roubos no geral, além de furtos e roubos de veículos. Um índice que teve aumento acentuado é o de roubo de veículos, com alta de 20,79%. Mais uma vez, o crescimento é puxado pela capital, que responde por mais da metade dos roubos de veículos do Estado e onde o registro desse tipo de crime cresceu 26,68% em relação ao mesmo mês de 2010.
Em relação aos índices de agosto, só é possível fazer comparação desses cinco crimes -homicídio, roubo, furto, roubo e furto de veículos-, pois apenas deles há indicadores mensais de 2010.
Até o ano passado, o governo divulgava as estatísticas de crimes a cada três meses. Agora, além de mensal, a divulgação é regionalizada, com números por delegacia. A mudança ocorreu após a Folha revelar que um funcionário da Secretaria da Segurança vendida dados regionalizados para empresas.

TAXA POR 100 MIL
A meta do governo paulista é manter uma taxa de assassinatos sempre abaixo de 10 casos para cada 100 mil habitantes. Em agosto, o índice chegou a 9,93, usando a média dos 12 meses anteriores. A meta vem sendo cumprida desde março deste ano.
A curva descendente, porém, se inverteu em junho. A maior taxa de assassinatos registrada no Estado ocorreu em 1999, quando houve 35,97 para cada 100 mil. Policiais paulistas afirmam que esse crescimento faz parte de uma oscilação.
O especialista em segurança pública Renato Sérgio de Lima, secretário-executivo da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública, concorda e afirma que não existem motivos para pessimismo.
Lima diz acreditar que haverá mais oscilações no índice nos próximos meses -ora para baixo, ora para cima. Na sua opinião, para que haja de fato uma maior redução da violência, será necessário um investimento muito maior, principalmente no sistema de segurança pública.
Para isso, diz, é preciso mudar inclusive a legislação. "A gente tem que avançar e muito na própria reorganização do sistema policial do Estado. Só o que nós temos de efetivo, tecnologia e dinheiro não basta", afirma.
"Precisamos mudar a forma de fazer segurança pública. Para ganhar escala, precisamos discutir como se organizam as polícias. E não é uma agenda só estadual."


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