São Paulo, Quarta-feira, 27 de Outubro de 1999
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Menores mortos têm passado pobre

da Reportagem Local e da Folha Vale

A família do adolescente Américo Nonato de Oliveira, um dos mortos pelos próprios colegas na rebelião da Febem Imigrantes também tem sido notícia: sua mãe e irmã participaram de uma grande invasão de imóveis feita pelo movimento dos sem-teto.
Segundo o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Menor, a família vive em uma casa insalubre e por isso participou da invasão.
Sem condição de se sustentar, a família vai pedir indenização ao Estado pela morte. "Eu quero que o Estado pague por isso e esses menores (que o mataram) também", disse a irmã de Américo, Graziela Maria de Oliveira, 18.
Ela diz que seu irmão pediu transferência no domingo, pois sabia que corria risco. "Os menores da ala B já tinham dito que, se houvesse rebelião, eles matariam os da ala A, onde ele estava", disse Graziela, que viu o irmão no domingo. A família vive de uma cesta básica fornecida pela pastoral.
Sua mãe, Zelita Maria de Oliveira, 49, já sofreu um infarto, é praticamente cega e não trabalha. Graziela não trabalha porque tem um bebê de alguns meses. O pai foi assassinado por ladrões.
Segundo Graziela, Américo era epilético, o que atrapalhou no seu desenvolvimento escolar. "Ele tinha dificuldade em aprender. Fez só a primeira série e desistiu. Ele só sabia assinar o nome", disse.
Outro menino morto na rebelião, Adriano Dias Brandão, 15, completaria amanhã um mês na instituição, segundo a Casa da Criança, em São Sebastião, no litoral norte, onde ele morava.
O adolescente foi enviado para a Febem devido a uma acusação de atentado violento ao pudor. Segundo o conselho tutelar da cidade, Brandão consumia drogas, praticava assaltos e tinha problemas neurológicos. Ele já havia passado por tratamento.
Órfão de mãe, Brandão tem outros quatro irmãos menores de idade, que também moram na casa. A instituição abriga crianças em situação de risco ou que tenham sido vítima de violência.
A Casa da Criança, que tem a guarda de Brandão e dos irmãos, soube da morte pela televisão.


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