|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Menores mortos
têm passado pobre
da Reportagem Local e da Folha Vale
A família do adolescente Américo Nonato de Oliveira, um dos
mortos pelos próprios colegas na
rebelião da Febem Imigrantes
também tem sido notícia: sua
mãe e irmã participaram de uma
grande invasão de imóveis feita
pelo movimento dos sem-teto.
Segundo o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Menor, a família vive em uma casa insalubre
e por isso participou da invasão.
Sem condição de se sustentar, a
família vai pedir indenização ao
Estado pela morte. "Eu quero que
o Estado pague por isso e esses
menores (que o mataram) também", disse a irmã de Américo,
Graziela Maria de Oliveira, 18.
Ela diz que seu irmão pediu
transferência no domingo, pois
sabia que corria risco. "Os menores da ala B já tinham dito que, se
houvesse rebelião, eles matariam
os da ala A, onde ele estava", disse
Graziela, que viu o irmão no domingo. A família vive de uma cesta básica fornecida pela pastoral.
Sua mãe, Zelita Maria de Oliveira, 49, já sofreu um infarto, é praticamente cega e não trabalha.
Graziela não trabalha porque tem
um bebê de alguns meses. O pai
foi assassinado por ladrões.
Segundo Graziela, Américo era
epilético, o que atrapalhou no seu
desenvolvimento escolar. "Ele tinha dificuldade em aprender. Fez
só a primeira série e desistiu. Ele
só sabia assinar o nome", disse.
Outro menino morto na rebelião, Adriano Dias Brandão, 15,
completaria amanhã um mês na
instituição, segundo a Casa da
Criança, em São Sebastião, no litoral norte, onde ele morava.
O adolescente foi enviado para
a Febem devido a uma acusação
de atentado violento ao pudor.
Segundo o conselho tutelar da cidade, Brandão consumia drogas,
praticava assaltos e tinha problemas neurológicos. Ele já havia
passado por tratamento.
Órfão de mãe, Brandão tem outros quatro irmãos menores de
idade, que também moram na casa. A instituição abriga crianças
em situação de risco ou que tenham sido vítima de violência.
A Casa da Criança, que tem a
guarda de Brandão e dos irmãos,
soube da morte pela televisão.
Texto Anterior: Velório: "Américo era bom", diz irmão caçula Próximo Texto: Carta de monitores convocava parentes Índice
|