|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Segundo Serra, medida em análise permitiria que consumidor tivesse serviço semelhante ao seguro para consultas e internações
Governo quer plano para compra de remédio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Saúde, José Serra,
anunciou ontem no Rio que o governo estuda a criação de planos
de saúde específicos para a compra de medicamentos.
A medida está sendo analisada,
segundo Serra, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, responsável pela regulamentação
dos planos e seguros.
Deverá haver uma definição até
o final do ano, para que a medida,
caso seja aprovada, possa entrar
em vigor a partir do ano que vem.
A idéia, disse Serra, é criar novos planos em lugar de incluir a
compra de remédios na oferta de
serviços dos planos e seguros já
existentes. "Isso poderia servir de
pretexto para um aumento de
preços", afirmou o ministro.
Assim, o consumidor poderia
ter um plano de saúde para consultas, exames e internações e outro para comprar medicamentos.
"As pessoas escolhem dependendo dos preços. Vai haver concorrência", disse o ministro.
Segundo Serra, o governo está
estudando também outras medidas para organizar e fortalecer o
consumidor, contrabalançando o
poder de mercado de indústrias e
farmácias, e para estimular uma
redução de preços dos remédios.
Está em análise a proposta de
subvencionar produtos vendidos
em farmácias. O consumidor pagaria até determinado preço. Acima desse valor, o remédio seria
subsidiado pelo governo.
O subsídio seria repassado diretamente aos produtores, para que
o governo pudesse negociar uma
redução no preço final do item.
"Não afetará a farmácia, porque
a farmácia ganha pela venda. Seria uma relação direta entre o Ministério da Saúde e os fornecedores", afirmou Serra.
Segundo o ministro, a política
de fortalecimento do consumidor
na compra de medicamentos não
anulará os projetos de distribuição gratuita de remédios. Os medicamentos usados pelos pacientes de Aids, por exemplo, continuarão a ser distribuídos.
"A idéia não é diminuir, é aumentar a distribuição gratuita. Há
uma parte imensa dos brasileiros
que nem que eu divida o preço
por dez pode comprar", afirmou.
Serra participou de um seminário organizado no Rio pelo Ipea
(Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) sobre regulação e
concorrência de serviços.
Abifarma
O presidente-executivo da Abifarma (Associação Brasileira da
Indústria Farmacêutica), Ciro
Mortella, disse que a entidade
apóia e já enviou ao governo um
plano para facilitar o acesso da
população -especialmente dos
mais carentes- a medicamentos.
Mortella disse que a entidade
apóia integralmente a oferta de
subvenções governamentais para
a compra de medicamentos.
Ele afirmou, porém, que, embora não tenha nada contra a criação
de planos de saúde específicos para a compra de remédios, a Abifarma não incluiu essa idéia em
seu projeto, pois não lida com planos de saúde.
"Seria temeridade avaliar uma
proposta que eu não conheço.
Mas o fundamental é que está havendo uma vontade política de facilitar o acesso da população a
medicamentos e implementar
um programa de assistência farmacêutica", afirmou.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: São Paulo quer mudar projeto das autarquias Índice
|