São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2001

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UNIVERSIDADES FEDERAIS

Segundo sindicato dos docentes, a paralisação pode acabar até o final da próxima semana

Professores sinalizam o fim da greve

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Representantes dos professores das universidades e escolas técnicas federais, que estão em greve desde agosto, assinaram ontem termo de compromisso que sinaliza o fim da paralisação, condicionado ao atendimento das reivindicações dentro do limite orçamentário -R$ 350 milhões.
Mesmo com o termo de compromisso, o Ministério da Educação não garantiu a liberação imediata dos salários retidos.
Durante a negociação, que durou quase cinco horas e pela primeira vez foi aberta à imprensa, os grevistas reconheceram a intenção de definir os termos do acordo final para apresentação nas assembléias.
"Nossa expectativa é a construção do fim da greve", afirmou Roberto Leher, presidente da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior).
"A sinalização condicional é suficiente para a liberação dos salários desde que haja definição da data de retorno ao trabalho", disse Maria Helena de Castro, secretária do Ensino Superior e negociadora oficial do governo.
A indicação do fim da greve foi prometida para até o final da próxima semana. "Isso deveria ser o suficiente", disse Leher durante o intervalo da reunião.
Para votar o fim da greve, a categoria quer a garantia do uso de R$ 350 milhões do Orçamento de 2002 para a incorporação da GAE (Gratificação por Atividade Executiva) aos salários dos docentes ativos e inativos e a extensão da GED (Gratificação de Estímulo à Docência) aos professores do ensino fundamental e médio.
Segundo os grevistas, são necessários R$ 363 milhões para pagamento das reivindicações. De acordo com o ministério, apenas a incorporação da GAE custará R$ 374 milhões. Neste final de semana, grevistas e ministério tentarão chegar a um consenso técnico relativo aos custos das propostas. O ministério avalia que o consenso deve evitar discussões que vão além da GAE.
O esboço do acordo prevê uma solução salarial que não beneficiará 8.400 docentes, 17% do total. Isso porque eles estão em início de carreira e não recebem a GAE.
Apesar disso, o governo aceitou essa reivindicação para demonstrar "flexibilidade". A extensão da GED aos professores das escolas técnicas, juntamente com a eliminação da GID, gratificação específica desse nível, também pode gerar desigualdades.

Tensão
No início da reunião, foi anunciado que a presença da imprensa foi determinação do ministro Paulo Renato. O governo avaliou que informações "distorcidas" sobre a "inflexibilidade" do órgão estavam desgastando a imagem de Paulo Renato, que deve ser candidato nas eleições de 2002.
Nesta semana, o ministro dispensou a intermediação do presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Paulo Costa Leite.
Os representantes sindicais e os congressistas de oposição, que não foram avisados da presença de jornalistas, reclamaram. Por telefone, Paulo Renato apresentou duas opções: ou a imprensa se retirava espontaneamente ou a reunião teria de ser remarcada em local neutro. Os professores tiveram de aceitar as circunstâncias.


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