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JUDICIÁRIO
Medida afeta até quem conseguiu liminar contra os descontos
Presidente do TJ corta salários
de grevistas
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Tribunal de
Justiça de São Paulo, Márcio Martins Bonilha, mandou descontar
os dias parados de todos os servidores em greve, incluindo dos que
conseguiram liminares individuais do próprio TJ contra isso.
A decisão faz parte da estratégia
para forçar os grevistas a voltar ao
trabalho. O movimento completa
hoje 62 dias de paralisação.
Segundo sindicatos, o abatimento dos dias parados deve afetar o salário de cerca de 80% dos
42 mil funcionários da Justiça.
A Folha localizou ontem servidores que receberão R$ 170,56 este mês, dos R$ 1.800 a que teriam
direito de salário bruto. Isso porque houve dias em que o funcionário trabalhou para não estourar
o limite de faltas ininterruptas que
poderia ter sem ser demitido.
Na próxima segunda-feira, os
servidores irão ao STF (Supremo
Tribunal Federal), em Brasília,
contra o que consideram ""um
desrespeito às liminares individuais do próprio TJ".
O conflito
A confusão sobre o desconto
existe por falta de regulamentação do direito de greve dos servidores públicos, criado pela Constituição Federal de 88.
Desde o início do movimento,
em 27 de agosto, duas das 16 entidades de servidores conseguiram
liminares coletivas de desembargadores do TJ favoráveis ao não-desconto dos dias parados.
Bonilha, que enfrenta oposição
de alguns desembargadores, atribui às liminares do TJ a continuidade e o crescimento da greve.
O caso acabou no STJ (Superior
Tribunal de Justiça), onde os grevistas ganharam, e parou no STF,
no último dia 4, com liminar para
o governo do Estado e TJ.
A partir daí, servidores começaram a protocolar mandados de
segurança individuais no TJ. Já há
cerca de 4.000 pedidos em julgamento. Só a Folha apurou que
2.000 conseguiram decisões positivas contra o desconto. Não há
um número oficial do TJ.
Motivos
Bonilha diz que não descumpre
as liminares, porque não foi notificado da decisão do 2º vice-presidente, o desembargador Gentil
Leite, que analisa os mandados.
E nem deve cumpri-las, caso seja notificado, porque entende haver conflito entre a liminar do STF
e as individuais do TJ.
""Nós temos uma decisão do Supremo, [dizendo" que não é para
pagar os dias parados. Mas, individualmente, por manobra técnica, vêm sendo concedidas liminares. Ora, se eles são os filiados a
sindicatos [que perderam no
STF", estão cobertos pela decisão
do Supremo que determinou o
não-pagamento", disse Bonilha.
As três primeiras notificações
de liminares recebidas ontem por
ele foram devolvidas ao 2º vice-presidente para que ele esclareça
qual ordem deve ser cumprida.
Não houve decisão ainda.
""É um absurdo desconsiderar
uma decisão de um desembargador do TJ", disse Dayse Cesar Bernardi, presidente da Associação
dos Assistentes Sociais e Psicólogos. Ela vai se encontrar segunda
com o presidente do STF, o ministro Marco Aurélio de Mello.
A entidade ganhou há duas semanas um mandado coletivo no
TJ, que não foi analisado pelo
STF. Mesmo assim, segundo Dayse, todos sofreram descontos.
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