São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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Fantasiar melhora a vida sexual

DA REPORTAGEM LOCAL

A capacidade de fantasiar não envelhece. Mas é bom que seja praticada desde a juventude, como os esportes. A prática pode incluir fantasias a dois, a três, a sós, com filmes, vídeos, fotografias.
"Quem não tem uma vida mental com fantasias na sua juventude, não é na velhice que vai conseguir tê-la", afirma Antonio Palha, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina do Porto, em Portugal, e vice-presidente da Federação Européia de Sexologia. Em geral, a qualidade da atividade sexual do homem costuma ser medida pelo tempo de ereção e pelo número de penetrações e orgasmos em uma relação. Não se leva em consideração o prazer de práticas como a masturbação ou o desejo despertado por fantasias, fotos e vídeos (o teste ao lado é uma tentativa de medir um leque mais amplo da atividade sexual).
Fantasiar não se aprende na escola, mas a vida mental daqueles com maior grau de escolaridade tende a ser mais rica, dizem os especialistas. O que facilita e diversifica a relação. "A mulher hoje não quer mais homens que apenas "chegam e resolvem", ela quer participar", diz Sidney Glina. A fantasia seria um elemento essencial.
Nos EUA, uma pesquisa mostrou que o número de pensamentos sexuais que as pessoas têm não diminui com a idade.
A atividade sexual, por sua vez, diminuiria menos do que imagina a maioria das pessoas, diz Jerson Laks, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Os idosos fazem sexo, e muito", diz. "A potência pode não ser a mesma, o orgasmo pode ser mais demorado, mas eles conhecem melhor seus corpos e adotam outras técnicas de carinho e de prazer."
Laks cita uma pesquisa da Universidade de Duke (EUA) que acompanhou um grupo de pessoas por 40 anos e concluiu que a maioria delas manteve a mesma frequência de atividade e de fantasias sexuais.
Mas ainda faltam estudos sobre a vida sexual do idoso, especialmente no Brasil, diz Laks. No centro para pessoas com doença de Alzheimer da UFRJ, Laks está iniciando um estudo inédito. Ele vai acompanhar casais onde um deles sofre do mal de Alzheimer e comparar com casais "normais". A intenção é detectar práticas e conhecimentos que possam ajudar na sexualidade dos idosos. Mas ainda faltam estudos com viúvos e separados, ele lembra.


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