São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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Tema divide peões de obra

DA REPORTAGEM LOCAL

"O estudo conta pra tudo", diz Genivan Nascimento Barbosa, 21, R$ 430 de salário, ajudante numa obra em Itaquera, na zona leste de São Paulo. Genivan veio de Ribeiro do Portal, na Bahia, um ano e meio atrás, estudou até a quarta série e está sem namorada.
No grupo que conversa no refeitório da obra, Genivan é dos poucos que concordam com a pesquisa de Carmita Abdo segundo a qual quem estuda mais tem melhor atividade sexual. "É pesquisa furada", diz João José dos Santos, 48, eletricista, casado, dois filhos adolescentes. "É coisa que se aprende na vida, não na escola", diz Jailson da Silva Nogueira, 48, dois filhos, primário completo.
"Se fosse assim, o povo do Piauí não tinha tantos filhos", diz o ajudante Camilo Ferreira Lima, 48.
Mas todos concordam que só vão ao médico quando caem doente e que numa consulta não falariam sobre eventuais problemas sexuais. "Já é a maior luta para falar com o médico coisa de saúde, se vai falar de problemas com mulher, o médico põe pra correr", diz Lourival dos Santos, 34, eletricista, dois filhos.
O ajudante Rogério Ribeiro dos Santos, 22, solteiro, diz que na sua turma ninguém "brocha". "Se alguém contar, o cara tá ruim, vão zoar muito o boiola."
O carpinteiro Nivanez Gomes de Souza, 43, "amigado" há 24 anos, chegou a fazer o primeiro ano de direito em Goiás. Diz que o homem "falha por causa psicológica" e o "jovem porque fica ansioso". Diz que já experimentou Viagra. "Era só curiosidade, as orelhas ficaram fervendo."
Antonio de Souza Ramalho, 53, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo, diz que a questão da sexualidade é uma das preocupações da categoria. Só no Estado de São Paulo são 680 mil trabalhadores. Na série de palestras que organiza, o sindicato dedicou uma ao Viagra, dois meses atrás. "Lotou. As pessoas fizeram fila para pegar um comprimido", diz Ramalho. "O governo precisava oferecer mais orientação", conclui. (AB)


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