São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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É melhor bico do que roubo, diz líder de PMs

DA REPORTAGEM LOCAL

Wilson Morais, presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar-SP, considera "legítima" a proteção privada oferecida pela categoria em bairros.
"O trabalho é legítimo quando ele está na folga. Não somos contrários. Problema seria se os PMs fossem roubar", afirma.
Morais culpa a ilegalidade da prática pelo "regulamento arcaico" da corporação.
Ele diz que 80% dos policiais militares fazem algum tipo de bico -a maioria em estabelecimentos comerciais- e que os próprios chefes toleram a realização do serviço de segurança fora do expediente de trabalho.
"Eles fazem vistas grossas. Só vão punir quando há alguma repercussão", afirma.
Para ele, a tolerância oficial se deve até mesmo às condições de trabalho da categoria. A média salarial de um soldado é de R$ 1.300.
A associação reivindica um salário de dez salários mínimos (R$ 3.000) de Geraldo Alckmin (PSDB) para que os PMs tenham condições de dispensar os bicos.
Morais conta que ele mesmo fez bico durante 25 anos e, em uma ocasião, dava proteção a um conjunto residencial na zona leste.
Apesar de defender a vigilância remunerada nos bairros, ele reconhece que não se trata de uma atuação independente da função de PM.
"Obviamente, além de ser um segurança, ele tem um poder de polícia, mesmo na folga. Pode andar armado, pode dar voz de prisão", diz.
"O reforço chega mais rápido, obviamente há essas facilidades. O espírito de corporativismo existe, não só na polícia", afirma.
O representante dos PMs acrescenta ainda ser "natural que ele dê uma passadinha [a trabalho, com carro oficial] para cumprimentar, ver como está [a situação no bairro em que faz proteção particular]". Mas diz que "as viaturas não ficam paradas" e não é sempre que os bairros em que os policiais fazem bico coincidem com os de atuação no serviço.
"Cada batalhão tem sua programação e nem sempre os PMs atuam na mesma área", completa.
Morais diz ainda não ver problemas nessa atuação paralela porque, para ele, "os outros [restante da população] não são prejudicados".


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