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É melhor bico do que roubo, diz líder de PMs
DA REPORTAGEM LOCAL
Wilson Morais, presidente
da Associação de Cabos e
Soldados da Polícia Militar-SP, considera "legítima" a
proteção privada oferecida
pela categoria em bairros.
"O trabalho é legítimo
quando ele está na folga.
Não somos contrários. Problema seria se os PMs fossem roubar", afirma.
Morais culpa a ilegalidade
da prática pelo "regulamento arcaico" da corporação.
Ele diz que 80% dos policiais militares fazem algum
tipo de bico -a maioria em
estabelecimentos comerciais- e que os próprios
chefes toleram a realização
do serviço de segurança fora
do expediente de trabalho.
"Eles fazem vistas grossas.
Só vão punir quando há alguma repercussão", afirma.
Para ele, a tolerância oficial
se deve até mesmo às condições de trabalho da categoria. A média salarial de um
soldado é de R$ 1.300.
A associação reivindica
um salário de dez salários
mínimos (R$ 3.000) de Geraldo Alckmin (PSDB) para
que os PMs tenham condições de dispensar os bicos.
Morais conta que ele mesmo fez bico durante 25 anos
e, em uma ocasião, dava proteção a um conjunto residencial na zona leste.
Apesar de defender a vigilância remunerada nos bairros, ele reconhece que não se
trata de uma atuação independente da função de PM.
"Obviamente, além de ser
um segurança, ele tem um
poder de polícia, mesmo na
folga. Pode andar armado,
pode dar voz de prisão", diz.
"O reforço chega mais rápido, obviamente há essas
facilidades. O espírito de
corporativismo existe, não
só na polícia", afirma.
O representante dos PMs
acrescenta ainda ser "natural que ele dê uma passadinha [a trabalho, com carro
oficial] para cumprimentar,
ver como está [a situação no
bairro em que faz proteção
particular]". Mas diz que "as
viaturas não ficam paradas"
e não é sempre que os bairros em que os policiais fazem bico coincidem com os
de atuação no serviço.
"Cada batalhão tem sua
programação e nem sempre
os PMs atuam na mesma
área", completa.
Morais diz ainda não ver
problemas nessa atuação paralela porque, para ele, "os
outros [restante da população] não são prejudicados".
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