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Pai diz que, antes do crime, tentou internar filho
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Após seis anos procurando
um atendimento definitivo para o filho, viciado em crack, o
produtor musical Luiz Fernando Prôa Melo, 47, analisa a prisão dele com ironia: "Finalmente meu filho foi internado".
O músico Bruno Kliegerman
de Melo, 26, está desde sábado
na carceragem da Polícia Civil,
em São Gonçalo (Grande Rio).
Ele matou a amiga Bárbara
Chamun Calazans Laino, 18,
durante surto causado pela
droga. Foi o pai quem chamou a
polícia após o rapaz lhe contar,
por telefone, o que ocorrera.
Bruno saíra havia cinco meses de uma clínica particular,
disse o pai. Era a quinta internação, que parecia ter dado resultado. "Após a morte da mãe,
ele praticamente virou um
mendigo, em relação a trato
pessoal. Como estava fragilizado, aceitou ir para uma clínica."
Mas, após novo surto, há três
semanas, Luiz Fernando tentou interná-lo, sem sucesso.
"Era a hora em que eu gostaria de interná-lo a força. No sistema psiquiátrico, só interna
depois que surta. Agora ele surtou. Finalmente consegui "internar" meu filho. É uma ironia,
quase como desabafo."
Ele diz ter procurado instituições públicas para auxiliá-lo,
mas não especifica quais. Afirma que a orientação dada foi
que o viciado deveria se apresentar voluntariamente.
Há no Rio dez clínicas para
tratamento de viciados. Três
delas, com 240 vagas, são estaduais. De acordo com a secretária de Assistência Social do Rio,
Benedita da Silva, a internação
deve ser consentida pelo paciente e é "raro" haver pedido
do Ministério Público de guarda compulsória. Segundo ela,
há vagas nos três centros.
Especialistas divergem sobre
a eficácia da internação compulsória. Para Jorge Jaber, diretor da Abead (Associação
Brasileira de Estudos do Álcool
e outras Drogas), "60% dos casos de internação compulsória
têm cura". "A pessoa vai aceitando aos poucos o problema."
Já a psiquiatra Ana Paula
Bravo, do Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Atenção ao Uso
de Drogas da Uerj, diz que o tratamento será pouco eficaz "se o
internado o fizer sem vontade".
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