São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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Pai diz que, antes do crime, tentou internar filho

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Após seis anos procurando um atendimento definitivo para o filho, viciado em crack, o produtor musical Luiz Fernando Prôa Melo, 47, analisa a prisão dele com ironia: "Finalmente meu filho foi internado".
O músico Bruno Kliegerman de Melo, 26, está desde sábado na carceragem da Polícia Civil, em São Gonçalo (Grande Rio). Ele matou a amiga Bárbara Chamun Calazans Laino, 18, durante surto causado pela droga. Foi o pai quem chamou a polícia após o rapaz lhe contar, por telefone, o que ocorrera.
Bruno saíra havia cinco meses de uma clínica particular, disse o pai. Era a quinta internação, que parecia ter dado resultado. "Após a morte da mãe, ele praticamente virou um mendigo, em relação a trato pessoal. Como estava fragilizado, aceitou ir para uma clínica."
Mas, após novo surto, há três semanas, Luiz Fernando tentou interná-lo, sem sucesso.
"Era a hora em que eu gostaria de interná-lo a força. No sistema psiquiátrico, só interna depois que surta. Agora ele surtou. Finalmente consegui "internar" meu filho. É uma ironia, quase como desabafo."
Ele diz ter procurado instituições públicas para auxiliá-lo, mas não especifica quais. Afirma que a orientação dada foi que o viciado deveria se apresentar voluntariamente.
Há no Rio dez clínicas para tratamento de viciados. Três delas, com 240 vagas, são estaduais. De acordo com a secretária de Assistência Social do Rio, Benedita da Silva, a internação deve ser consentida pelo paciente e é "raro" haver pedido do Ministério Público de guarda compulsória. Segundo ela, há vagas nos três centros.
Especialistas divergem sobre a eficácia da internação compulsória. Para Jorge Jaber, diretor da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), "60% dos casos de internação compulsória têm cura". "A pessoa vai aceitando aos poucos o problema."
Já a psiquiatra Ana Paula Bravo, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Uerj, diz que o tratamento será pouco eficaz "se o internado o fizer sem vontade".


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