São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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FRIDA GUEIER ZUMBANO
(1915-2009)


A judia polonesa que militou no PCB e não gostava de boxe

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O partidão designou Iracema para encontrar Guarani e lhe dar o recado. Pombo-correio, ela foi até um largo em Perdizes, na zona oeste de SP, sem conhecer o homem para quem passaria a mensagem. Acabou apaixonada por ele.
A moça que usava o nome da virgem dos lábios de mel era Frida Gueier, judia polonesa que veio ao país no início dos anos 30 fugindo do nazismo e que saíra da casa do pai, no interior de SP, para militar no PCB. Guarani era Waldemar Zumbano, liderança no partido e lutador de uma tradicional família de boxeadores -foi tio de Eder Jofre.
Casaram-se na clandestinidade em plena ditadura Vargas. Para sobreviver no período, Waldemar -que comandaria a delegação brasileira de boxe nas Olimpíadas de 1960 e 64- lutava escondido.
Frida -ou Fró, como era chamada pelos netos- não gostava de lutas. Achava um esporte de brutos. Mesmo assim, sempre respeitou a profissão do marido e não se metia no assunto, lembram os netos Breno e Fábio Altman.
Dada a leituras até o fim da vida, em especial de livros sobre história, era amiga da escritora Zélia Gattai, com quem chegou a participar da organização de um comício de Luiz Carlos Prestes em SP.
Sua militância partidária acabou junto com a dissolução da URSS. Continuou acompanhando a política e era simpatizante do PT.
Perdeu a filha, a educadora Raquel, em 2002, e o marido, em 2004. Morreu na quinta-feira, aos 94, do coração. Deixa três netos e seis bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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