São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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Livros escolares são achados no lixo

Pelo menos 1.500 cadernos de exercício do aluno estavam ao lado de escola estadual de Ribeirão Preto

Secretaria da Educação nega que funcionários da escola tenham descartado o material e diz que vai abrir investigação sobre o caso

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Pelo menos 1.500 cadernos de exercício do aluno distribuídos pela rede estadual neste ano foram encontrados em uma caçamba de lixo ao lado da escola Eugênia Vilhena de Moraes, na Vila Virgínia, em Ribeirão Preto (313 km de SP).
A maior parte do material estava solta, mas havia exemplares em embalagens fechadas. Na etiqueta, constavam o nome e o endereço da escola.
Segundo a Polícia Civil, funcionários da Eugênia Vilhena confirmaram que parte do material pertencia à escola, mas não souberam dizer como os livros foram parar no lixo.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação negou que funcionários da escola tenham jogado o material no lixo e disse que será aberta uma investigação.
O número total de livros achados no lixo ainda não havia sido fechado ontem, mas a contagem inicial indicava pelo menos 1.500 apostilas do aluno, de acordo com o delegado Marcos Roberto Silveira. O material era de diferentes disciplinas, como matemática, português, geografia, filosofia e sociologia.
A polícia ainda não tem informações sobre como o material foi parar no lixo. A Polícia Militar encontrou os cadernos após receber uma denúncia anônima. Ao chegar ao local, já havia um catador de papelão recolhendo parte dos livros e moradores indignados com o desperdício.
Parte dos livros foi recolhida pela PM e vai passar por perícia. Os policiais convocaram funcionários da escola para recolher o restante -o material foi empilhado na porta da sala da administração.
A Folha tentou conversar com os funcionários, mas eles se negaram a dar entrevista. Mauro da Silva Inácio, diretor estadual da Apeoesp (sindicato dos docentes), esteve na escola, mas disse desconhecer quem jogou os livros no lixo.
Segundo o delegado, o responsável por jogar o material na caçamba poderá responder pelo crime de dano ao patrimônio público, com pena de três meses a três anos de prisão.
Em nota, assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação disse que "vai abrir uma apuração para investigar por que alguns cadernos foram encontrados na caçamba" e que "a investigação pode definir eventuais punições". Na nota, o órgão diz ainda que não há aluno da rede estadual sem material didático. "Todos os 5 milhões de alunos matriculados nas escolas estaduais receberam as cartilhas no início do ano letivo para usarem em sala de aula e levarem para casa", diz trecho da nota.
Segundo a pasta, foram distribuídos neste ano 144 milhões de exemplares do caderno do aluno para as 5.500 escolas de todo o Estado. O investimento feito foi de R$ 113 milhões. Quando sobra material (a Apeoesp diz que esse é o caso dos livros achados na caçamba), a assessoria afirma que os cadernos são recolhidos pela Diretoria de Ensino.
Não foi definido se o material será reutilizado em 2010.


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