São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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Córrego onde casal morreu afogado transborda sempre que chove forte

Motorista tentou cruzar alagamento e carro caiu no leito; histórias de cheias datam de 20 anos

Prefeitura diz já ter cadastro para remover atingidos por enchente, mas ainda não existe previsão para retirada

RAPHAEL VELEDA
NATÁLIA CANCIAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No bairro paulistano de Americanópolis, o córrego Zavuvus transborda toda vez que chove forte na zona sul. Foi lá que um casal morreu afogado na noite de anteontem durante um temporal.
Relatos de cheias ali datam de 20 anos. Trinta famílias convivem com o drama.
Almir Martins de Souza, 51, e Nádia, 46, morreram após o carro em que estavam ser arrastado para o córrego.
Duas pessoas -uma sobrinha do casal e uma amiga da família- sobreviveram.
"O pessoal do bairro avisou que não dava para passar. Mas ele quis arriscar e aconteceu essa tragédia", disse o motorista de ônibus Daniel de Souza, 34, irmão de Nádia, sobre o cunhado.
"Se a prefeitura tivesse feito as obras que precisa, coisas assim não aconteceriam. Porque não é a primeira pessoa que morre ali", afirmou.
Em fevereiro, Jeovanice Marques de Carvalho, 52, morreu dentro de casa, afogada pelas águas do córrego.
O dia ontem foi de limpeza. Restos de móveis eram jogados fora. Moradores tentavam pôr as casas em ordem.
"Quando chove, a água sobe em menos de dez minutos junto com os ratos, que vêm se esconder na casa da gente", disse a dona de casa Danielle Barreto Araújo, 23.
Olhando para a equipe de limpeza manual da prefeitura que tirava entulho do leito do córrego, ela protestava.
"Eles vêm aqui e limpam o começo do córrego. Demora meses para voltarem. Isso não resolve. Precisa tirar as famílias, como prometem, e levar para um lugar digno."
Encarregado da equipe de dez pessoas que trabalhava ontem na limpeza manual, Alvorino Garcia admite que o serviço não tem muito resultado. "Quando chover de novo, com certeza vai encher."
Para ele, a única solução "é tirar as casas" do entorno do córrego e canalizá-lo.
A prefeitura afirma que o local não submerge por falta de limpeza, que é feita regularmente. A subprefeitura de Cidade Ademar diz já ter cadastrou as famílias para removê-las. Não há previsão para o início da operação.


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