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SP corta vaga de bebês para atender criança de 4 e 5 anos
Creches abrigarão crianças de 3 anos para gestão ampliar vagas na pré-escola
Deficit na pré-escola hoje é de 41 mil vagas; lei federal obriga atendimento a alunos a partir dos 4 anos
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo
decidiu transferir vagas hoje
oferecidas a bebês em creches para crianças de quatro
e cinco anos na pré-escola.
A medida já valerá em 2011
e vai criar um efeito cascata.
Lei federal prevê a obrigatoriedade de vagas em escolas para crianças a partir de
quatro anos -hoje é aos seis.
O prazo para cumprimento
da regra acaba em 2016.
Como já há deficit de 41 mil
vagas na pré-escola (que hoje
atende crianças de três a cinco anos), a prefeitura transferirá as de até três anos e 11
meses para as creches, onde
já há 125 mil na fila de espera.
O contingente de crianças
na faixa etária de três anos a
três anos e 11 meses ocupará
lugares de bebês, na faixa de
um ano. Para essa idade, será
reduzida a oferta de vagas,
hoje em 19 mil.
O número de postos cortados para bebês e o aumento
para crianças mais velhas só
serão definidos após a matrícula: as escolas poderão adequar suas vagas à demanda.
Reduzindo o número de
bebês, as creches poderão
atender, com a atual estrutura, mais crianças. Isso porque um educador é responsável por sete bebês. Mas, para
crianças na faixa de três
anos, as turmas podem ter
até 25 alunos.
"Precisamos nos adequar
à legislação", disse ontem à
Folha o secretário da Educação, Alexandre Schneider.
"Acho que a maioria das
mães vai ficar feliz. Haverá
mais crianças na creche, que
possui jornada maior."
A jornada diária na creche
é de dez horas. Na pré-escola, fica entre quatro e seis.
MOMENTO
Para educadores, o problema no ensino infantil paulistano é a falta de vagas.
"Como o cobertor é curto, é
preciso fazer escolhas esdrúxulas", diz Salomão Ximenes, um dos coordenadores
da ONG Ação Educativa e do
movimento Creche para Todos. Neste momento, porém,
ele entende que a decisão foi
certa. "Criança de três na pré-escola é ilegal."
Mesma opinião tem a pesquisadora da USP Tizuko
Morchida Kishimoto. Para
ela, no entanto, a prefeitura
criou um novo problema.
"Como o espaço é o mesmo e o dinheiro também, estão tirando as crianças pequenininhas. Estudos mostram a importância do estudo de zero a três anos."
Cesar Callegari, do Conselho Nacional de Educação,
considera a medida correta,
mas diz que a prefeitura precisa "acelerar os esforços"
para atender a demanda.
Colaborou TALITA BEDINELLI
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