São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

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Sem acordo, motorista promete greve até as 7h

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

O sindicato dos motoristas e cobradores decidiu ontem à noite manter a greve na viação Expresso Paulistano até que a prefeitura assuma os pagamentos dos salários atrasados e do 13º. A categoria também promete paralisar hoje todos os ônibus na capital paulista até as 7h em protesto contra a falta de acordo com os empresários e com a gestão Marta Suplicy.
Os trabalhadores da Expresso Paulistano protestam há seis dias pela falta de pagamento. Eles deixaram de operar ontem, no segundo dia seguido, a frota de 328 veículos da viação, interditaram ruas do centro com 128 ônibus e afetaram 100 mil passageiros.
O sindicato quer que a SPTrans (órgão municipal que cuida do setor) faça uma intervenção na empresa. O secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, se reuniu pela manhã com a categoria, mas descartou a possibilidade. "A empresa tem que cumprir a parte dela", afirmou Tatto, que se dispôs a fornecer apenas um empréstimo de R$ 30 mil para que os trabalhadores coloquem combustível nos veículos e consigam colocá-los em circulação em São Paulo.
A secretaria quer que seja cumprida a determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) -que tornou os bens dos proprietários indisponíveis, disse que a arrecadação dos bens e recursos da viação Expresso Paulistano deveriam ser usados para pagamento das dívidas e que os salários tinham que ser pagos em 48 horas.
No início da tarde de ontem, um oficial de justiça esteve na Expresso Paulistano, no bairro Guaianazes (zona leste), para apreender bens e recursos da empresa para pagamento da dívida com os funcionários. Os sócios da empresa não foram localizados pela Folha para comentar a decisão.
Segundo Edivaldo Silva, presidente do sindicato dos motoristas, a categoria decidiu radicalizar os protestos hoje porque a SPTrans, sendo a fiel depositária do patrimônio da empresa de ônibus, deveria pagar os motoristas e cobradores.
A greve dos trabalhadores não foi julgada abusiva pela presidente do TRT, juíza Maria Aparecida Pellegrina. Em sua decisão, porém, ela ressaltou que eles deveriam voltar ao trabalho sob pena de multa diária de R$ 50 mil.

CET
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) começou a retirar os ônibus estacionado nas ruas do centro somente a partir das 13h de ontem, fato que foi criticado pelo Ministério Público.
A assessoria de imprensa da SPTrans informou que a CET fará um levantamento dos "custos sociais" e prejuízos causados pela manifestação. A SPTrans afirma que aplicou sanções administrativas à empresa pela não-operação das linhas, pelo descumprimento de viagens e pela utilização dos ônibus para outros fins.
O paulistano voltou a sentir ontem os reflexos da manifestação -aliados à chuva que atingiu a capital paulista durante a madrugada e pela manhã. Às 9h, a cidade tinha 116 km de congestionamentos -a média no horário gira em torno de 70 km.
Além dos 128 veículos que foram estacionados na região central pelos grevistas, outras duas viações e 111 trólebus também foram prejudicadas pela manifestação porque não puderam sair das ruas interditadas na área.


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