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SEGURANÇA
Gravações revelam que grupo chegou a interceptar comunicação da Polícia Civil para saber sobre apreensões
Mãe avisou policial sobre carga apreendida
DA REPORTAGEM LOCAL
As interceptações telefônicas
feitas pela Polícia Federal em aparelhos de policiais civis de Guarulhos revelaram, de acordo com a
denúncia do procurador da República Matheus Baraldi Magnani, o uso de mercadorias desviadas de apreensões policiais.
Em um trecho das conversas,
Adriana, mulher do investigador
Roberto Raymundo de Andrade,
ligou para um familiar e passou
uma lista do que "não precisava
comprar" -produtos supostamente desviados, como bolachas,
achocolatados, sucos, leite condensado e até bebidas energéticas.
Outras conversas indicariam
que a suposta apreensão de uma
carga de "600 fardos" de arroz gerou um problema inusitado para
o grupo -como estocar o produto em suas casas sem a embalagem que revelaria o desvio. Um
dos policiais mandou sua mulher
colocar tudo em recipientes plásticos, mas ela respondeu que não
cabia mais nada.
As gravações também teriam
sugerido que parentes dos investigadores interceptaram comunicação da Polícia Civil para dar ao
grupo informações privilegiadas
sobre apreensões das cargas.
Em 29 de junho último, a mãe
de um dos investigadores da Dise,
Mário Biágio Masullo, telefonou
para lhe contar que haviam "acabado de pegar uma carga no 8º
DP [Distrito Policial]" de Guarulhos. Masullo perguntou se ela tinha certeza e recebeu como resposta: "Sim, eu gravei tudo para
você. Os caras estão presos e o caminhão também", segundo
transcrição das conversas que integra a denúncia na Justiça.
Em contrapartida, em certo
momento da investigação da PF
os policiais civis aceitam abertamente a hipótese de que seus telefones foram grampeados. No dia
20 de junho, o investigador Cláudio Machado comentou com o
colega Roberto Andrade que um
dos telefones interceptados foi
usado "para falar de Barcelona,
vendedor de fruta". A respeito da
possibilidade, Andrade desabafou: "Deus salve".
A PF interpretou o nome "Barcelona" como possível indicativo
de que os policiais enviavam droga para Europa -segundo a denúncia, "80% da cocaína apreendida no aeroporto de Guarulhos
tem como destino a Espanha".
No mesmo dia 20, Masullo telefonou para um policial do Departamento de Investigações sobre o
Crime Organizado para saber se a
polícia havia grampeado "um dublê nosso", em referência a um celular clonado. Depois, Andrade ligou para outro policial e pediu
que não usasse "mais nunca" o
celular e avisasse "todo mundo".
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