UOL


São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIPLOMACIA

Militar desarmado dominou ladrão; cônsul-geral em SP reclamou da ausência da polícia na frente do prédio

Consulado italiano protesta após assalto

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de três ladrões armados invadiu ontem a sede do Consulado Geral da Itália em São Paulo, na avenida Higienópolis (região central), numa ação que resultará em protestos da diplomacia italiana ao Itamaraty.
Os homens entraram no edifício, localizado a um quarteirão da Delegacia Anti-Sequestro, por volta das 12h30. Renderam e desarmaram dois guardas de uma escolta privada contratada, ameaçaram funcionários, levaram R$ 7.300 do caixa e objetos pessoais. Havia cerca de 40 pessoas no prédio no momento do assalto.
Segundo testemunhas, dois deles fugiram provavelmente por desconfiar que a polícia havia sido acionada. O terceiro, mesmo armado com um revólver calibre .38, foi rendido por um militar italiano que trabalha desarmado dentro do consulado -depois de terem entrado em luta corporal.
O cônsul-geral da Itália, Gian Luca Bertinetto, afirmou que irá formalizar um protesto no Itamaraty por conta de duas atitudes que, na avaliação dele, contribuíram para a ação dos assaltantes.
Bertinetto disse que esse militar italiano estava desarmado porque teve negado no Itamaraty seu pedido para importar a arma que ele usa na Itália. O cônsul alega que eles utilizam um tipo de pistola diferente das que há no Brasil.
Ele reclamou ainda da ausência da polícia em regime integral -hoje, diz Bertinetto, há apenas carros que passam "de vez em quando". "Já visitei muitos países, mas nunca vi um consulado sem nenhum policial protegendo a frente da sede", declarou. Bertinetto disse que era uma questão de "reciprocidade", já que, segundo ele, a embaixada brasileira em Roma tem militares à disposição.
Ele afirmou "não querer brigar com ninguém", mas apenas defender a segurança dos funcionários e da população que vai diariamente ao consulado.
Bertinetto disse que os ladrões apontavam as armas para a cabeça dos funcionários e entravam nas salas mandando todo mundo se concentrar num corredor.
O cônsul-geral disse que a polícia foi chamada dez minutos antes de um dos ladrões ter sido desarmado. A Secretaria da Segurança informou que o assalto foi notificado às 12h51 e o carro da PM chegou às 12h53.
O homem preso apresentou uma carteira de identidade que a polícia dizia ser falsa. Ele negou participação no crime, mas admitiu que estava com um revólver.
A assessoria de imprensa do Itamaraty foi procurada pela Folha ontem à tarde, mas não respondeu aos pedidos de entrevista.


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Câmara: Projeto ajudará a financiar as obras de Marta
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.