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JUIZ DE FORA
Após desaparecimento de celular, meninos ficaram nus para serem revistados
PM obriga estudantes a tirar a roupa
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Alunos da sétima série do ensino fundamental da escola municipal Quilombo dos Palmares, em
Juiz de Fora (255 km de Belo Horizonte), foram obrigados pela
Polícia Militar a tirar a roupa dentro da sala de aula por causa do
desaparecimento de um celular.
Durante a revista, feita em grupos de quatro, meninos tiveram
de baixar calças e cuecas. As meninas foram levadas a outra sala e
impelidas a abrir as bolsas na presença da diretora. O celular -de
uma aluna- foi achado no banheiro, após a saída da PM.
O episódio ocorreu na manhã
do último dia 19. Segundo o comandante do 27º Batalhão da PM
da cidade, tenente-coronel José
Ricardo Grunewald, após constatar o sumiço do aparelho, a diretora Rosane Eliotério chamou a
polícia. Dois policiais foram até a
escola, que fica num bairro pobre.
Ao todo, cerca de 30 alunos de 12 a
16 anos foram revistados.
Segundo o artigo 18 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), é dever de todos zelar pela dignidade dos jovens, "pondo-os a
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor".
O deputado estadual Biel Rocha
(PT) enviou ao secretário de Estado da Defesa Social, Lúcio Urbano, manifestação de repúdio à
busca na escola, pedindo punição
aos responsáveis e orientação ao
efetivo policial. Para ele, a atitude
dos envolvidos na operação foi
"lamentável" e "preconceituosa".
"Perguntamos se o mesmo procedimento teria sido adotado se
se tratasse de alunos da rede particular de ensino", afirmou.
O titular da Gerência de Educação Básica do município, Paulo
Roberto Curvelo, informou que
foi aberto processo administrativo para apurar responsabilidades
da diretora da escola no caso. Ela
poderá sofrer punições que vão
de advertência simples à perda do
cargo. Disse ainda que a prefeitura enviou à PM pedido de esclarecimento sobre a ação policial.
Curvelo e o diretor de Políticas
Sociais da prefeitura, Celso Matias, vão hoje à escola pedir desculpas aos alunos e familiares.
Outro lado
O comandante do 27º Batalhão
da PM de Juiz de Fora, tenente-coronel José Ricardo Grunewald,
disse que a busca foi feita com o
consentimento geral. "Pelo que
chegou ao meu conhecimento até
o momento, o procedimento foi
de consenso entre a direção, professores e os próprios alunos."
A Folha tentou falar com a diretora da escola, Rosane Eleutério,
durante toda a tarde de ontem, mas não conseguiu localizá-la.
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