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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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SAÚDE

Ministro vê ação antidengue falha

Costa vai "constranger" autoridades do Rio

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Saúde, Humberto Costa, disse ontem que iria ao Rio de Janeiro para "constranger" autoridades a melhorar o combate ao mosquito da dengue. "Chegou a um ponto tal que estamos explicitamente constrangendo", afirmou, em São Paulo, durante evento para divulgar a campanha de incentivo à doação de órgãos.
Segundo Costa, que deve chegar hoje ao Rio de Janeiro, o ministério recontratou "guardas da dengue" -técnicos que fazem a busca e o controle de focos-, mas alguns municípios fluminenses não quiseram o reforço. O ministro se recusou a nomear as cidades. "Só quando não tiver mais jeito." No próximo sábado, o ministério realiza um dia nacional de mobilização contra a doença.
Estudo feito pela Secretaria da Saúde do Estado do Rio em parceria com nove municípios indicou alto índice de infestação do transmissor da doença, o Aedes aegypti. Em Padre Miguel (zona oeste da capital) e no centro de Duque de Caxias (Baixada Fluminense), foram encontrados focos em 14% dos domicílios visitados. O ideal, segundo o ministério, é 1%.
"Se dependesse unicamente desse trabalho [das autoridades do Rio], poderíamos ter uma epidemia", afirmou Costa. A principal preocupação do ministério é com a possível introdução do vírus do tipo 4 da doença no Estado. "Se o tipo 4 for introduzido, a possibilidade de dengue hemorrágica é muito alta."
A versão hemorrágica é ligada principalmente a infecções sucessivas. Boa parte da população do Rio foi infectada pelos tipos 1, 2 e 3, por causa da grande epidemia de 2002. Mas está suscetível ao 4, ainda não registrado no país.
Até bairros nobres do Rio têm infestação alta, como o Leblon (zona sul), onde o índice chegou a 11%. Neste ano foram registrados 7.884 casos de dengue no Estado, sem nenhum óbito. A capital teve o maior número, com 1.499 infectados. Em 2002, houve cerca de 288 mil casos, com 91 mortos.
A subsecretária de Saúde do Estado, Alcione Athayde, informou que o órgão preparou campanha para evitar a epidemia. Alunos das escolas estaduais terão orientação para mudar hábitos familiares. A Prefeitura do Rio disse que 4.200 agentes foram capacitados para o trabalho preventivo. (FABIANE LEITE E MICHEL ALECRIM)


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