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Exército troca tiros com bandidos em cerco a morro
Tiroteio no Complexo do Alemão durou cerca de 2 horas
Militares são recebidos a bala por traficantes; general diz que homens do Exército ficam o tempo que for preciso
DO RIO
O Exército entrou ontem
na guerra contra os traficantes, no Rio. Oitocentos homens da Brigada Paraquedista iniciaram o cerco ao Complexo do Alemão, conjunto
de favelas da zona norte, para
onde centenas de bandidos
da Vila Cruzeiro, área vizinha
agora dominada pela polícia,
fugiram na quinta-feira.
A bordo de 30 veículos,
cinco deles blindados, os militares foram recebidos a tiros. Os soldados revidaram.
O tiroteio durou pelo menos duas horas e assustou
moradores, que corriam em
busca de abrigo.
Nove pessoas foram levadas ao Hospital Getulio Vargas, duas delas chegaram
mortas. Uma menina de dois
anos levou um tiro de raspão.Três militares se feriram,
um deles do Exército, mas
sem gravidade.
Diferentemente da véspera, quando imagens aéreas
da invasão da Vila Cruzeiro e
da fuga de traficantes foram
transmitidas por emissoras
de TV, ontem helicópteros
não puderam sobrevoar a região do conflito.
A pedido da polícia, o espaço aéreo dos complexos da
Penha e do Alemão foi fechado, por tempo indeterminado, sob alegação de risco para as aeronaves.
A maior parte dos militares
que cercaram o Alemão
atuou na missão de paz da
ONU, no Haiti. No complexo
de favelas carioca, enfrentarão cerca de 600 traficantes,
de acordo com estimativas
da Polícia Militar e terão como missão inicial apenas o
patrulhamento e o cerco dos
acessos ao complexo.
SEM DATA PARA SAIR
O comandante militar do
Leste, general Adriano Pereira Júnior, disse que o trabalho não tem data para terminar."Quanto tempo nós vamos ficar lá vai depender do
plano da Secretaria de Segurança Pública. Entramos hoje [ontem], mas não posso dizer quando vamos sair."
Pela manhã, os criminosos
já haviam sinalizado que ofereceriam resistência. Atiraram contra um helicóptero
da Polícia Civil que fazia o reconhecimento da região.
A sexta-feira registrou
uma diminuição no número
de ataques a veículos: nove
foram incendiados ontem;
na quinta-feira, 37. Desde domingo, já são 99 ataques.
No sexto dia de confrontos
com traficantes, nove pessoas morreram. A guerra que
toma conta da cidade já matou 45 pessoas. Foram feitas
192 prisões.
Pela manhã, policiais vasculharam a Vila Cruzeiro e
encontraram uma espécie de
enfermaria do tráfico, com
grande quantidade de materiais hospitalares. Foram
apreendidas armas e cerca
de duas toneladas de drogas.
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