São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010

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Exército troca tiros com bandidos em cerco a morro

Tiroteio no Complexo do Alemão durou cerca de 2 horas

Militares são recebidos a bala por traficantes; general diz que homens do Exército ficam o tempo que for preciso

DO RIO

O Exército entrou ontem na guerra contra os traficantes, no Rio. Oitocentos homens da Brigada Paraquedista iniciaram o cerco ao Complexo do Alemão, conjunto de favelas da zona norte, para onde centenas de bandidos da Vila Cruzeiro, área vizinha agora dominada pela polícia, fugiram na quinta-feira.
A bordo de 30 veículos, cinco deles blindados, os militares foram recebidos a tiros. Os soldados revidaram.
O tiroteio durou pelo menos duas horas e assustou moradores, que corriam em busca de abrigo.
Nove pessoas foram levadas ao Hospital Getulio Vargas, duas delas chegaram mortas. Uma menina de dois anos levou um tiro de raspão.Três militares se feriram, um deles do Exército, mas sem gravidade.
Diferentemente da véspera, quando imagens aéreas da invasão da Vila Cruzeiro e da fuga de traficantes foram transmitidas por emissoras de TV, ontem helicópteros não puderam sobrevoar a região do conflito.
A pedido da polícia, o espaço aéreo dos complexos da Penha e do Alemão foi fechado, por tempo indeterminado, sob alegação de risco para as aeronaves.
A maior parte dos militares que cercaram o Alemão atuou na missão de paz da ONU, no Haiti. No complexo de favelas carioca, enfrentarão cerca de 600 traficantes, de acordo com estimativas da Polícia Militar e terão como missão inicial apenas o patrulhamento e o cerco dos acessos ao complexo.

SEM DATA PARA SAIR
O comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, disse que o trabalho não tem data para terminar."Quanto tempo nós vamos ficar lá vai depender do plano da Secretaria de Segurança Pública. Entramos hoje [ontem], mas não posso dizer quando vamos sair."
Pela manhã, os criminosos já haviam sinalizado que ofereceriam resistência. Atiraram contra um helicóptero da Polícia Civil que fazia o reconhecimento da região.
A sexta-feira registrou uma diminuição no número de ataques a veículos: nove foram incendiados ontem; na quinta-feira, 37. Desde domingo, já são 99 ataques.
No sexto dia de confrontos com traficantes, nove pessoas morreram. A guerra que toma conta da cidade já matou 45 pessoas. Foram feitas 192 prisões.
Pela manhã, policiais vasculharam a Vila Cruzeiro e encontraram uma espécie de enfermaria do tráfico, com grande quantidade de materiais hospitalares. Foram apreendidas armas e cerca de duas toneladas de drogas.


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