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Jobim só comunicou militares após decisão
Ministro da Defesa articulou envio de tropas diretamente com o governador Sérgio Cabral
Na Guiana, Lula disse que "tudo o que Cabral pedir, que estiver dentro da lei, pode
ficar certo que faremos"
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, tomou a decisão
de enviar tropas, equipamentos e armas militares para o Rio diretamente com o
governador Sérgio Cabral e
só depois comunicou aos três
comandantes militares.
O do Exército, general Enzo Martins Peri, estava numa
formatura militar no Rio
quando recebeu a ligação do
ministro. Embarcou tarde da
noite para Brasília e voltou
ontem cedo junto com Jobim.
Segundo o ministro, as
ações de Exército, Marinha e
Aeronáutica ficarão sob o comando do recém-criado Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, chefiado pelo
general José Carlos de Nardi,
enquanto a ação policial continua comandada pelas autoridades do Estado do Rio.
Questionado sobre a resistência dos militares, sobretudo do Exército, de participar
sem assumir o comando geral da operação, Jobim disse
que "não há que se fazer discussão sobre comandos, não
há nenhuma possibilidade
de nenhum tipo de fricção".
Em Georgetown, na Guiana, o presidente Lula falou
da cooperação. "Tudo o que
Cabral pedir, que estiver dentro da lei, pode ficar certo que
faremos para o Rio."
Oficiais ouvidos pela Folha dizem que a operação no
Rio cria "novo paradigma"
no uso das Forças Armadas
na chamada GLO (Garantia
da Lei e da Ordem), prevista
na lei 97 de 1999.
À Folha Jobim disse que a
estratégia segue a "teoria dos
subconjuntos": as forças policiais do Rio participam diretamente da operação de assalto aos morros; o Exército é
responsável pela retaguarda,
na entrada e saída; e a Aeronáutica e a Marinha fornecem helicópteros e blindados, com suas "guarnições"
(equipes que os operam).
Os três helicópteros da
FAB são para monitoramento da área e para transporte
de atiradores de elite do Bope. Os blindados, 15 da Marinha e 5 do Exército, serão
usados também para levar as
tropas policiais. Não há previsão de que os militares
usem armas e atirem, a não
ser em defesa própria.
Os 800 homens do Exército, recrutados principalmente entre os que atuaram na
operação de paz no Haiti, devem ficar concentrados nos
cerca de 40 pontos de entrada e saída da Vila do Cruzeiro
e do Complexo do Alemão.
O ministro disse que a missão deles é impedir o envio
de armas, munições e até de
comida para os narcotraficantes, como também evitar
que eles possam fugir depois
dos confrontos com a polícia.
Os oficiais e soldados do
Exército têm a autorização,
inclusive, para fazer prisões,
mas devem entregar suspeitos o quanto antes à polícia.
Só na tarde de ontem, Jobim se reuniu no Palácio da
Guanabara com Cabral e comandantes militares para
discutir detalhes da ação.
O secretário de Segurança
do Rio, José Mariano Beltrame, disse, em entrevista coletiva conjunta com o general
De Nardi e os comandantes
regionais das três Forças Armadas, que a operação está
sendo bem sucedida.
"O que se demonstrou na
Vila Cruzeiro é que, com o
equipamento correto, entramos em qualquer lugar a
qualquer hora neste Estado."
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