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ERIVAN JOSÉ JUSTINO, 34
"Não temos nada, mas tem sempre alguém que te faz mal"
Nessa vida eu já fiz de tudo
um pouco. Tenho cursos de
mecânico, marceneiro e padeiro. Trabalhei na roça e saí
de casa aos 32 anos. Morava
com minha mãe, em Marimbondo. Vim para Maceió para tentar uma vida melhor.
Não consegui nada de
bom até agora e vivo na rua
há dois anos. Acho que é porque só estudei até o terceiro
ano. Então, pego plástico e
latinha para vender. Vasculho o lixo e como as coisas
que os outros jogam fora.
Tem dia que eu ganho uns
dez contos, tem dia que não
ganho nada, nada. Pedir,
nem peço porque ninguém
dá mesmo. Essa é a vida que
eu vivo. É morrer um pouquinho a cada dia.
Tem gente que critica, que
xinga quando a gente puxa a
carroça e fecha a rua. Mas
vou fazer o quê?
Meu trabalho é esse, e a
minha casa é a calçada. Não
posso ficar escondido dentro
de um buraco, entocado. Se
tiver medo, vou viver como?
Na rua, a gente não tem
amigo. Eu mesmo não me envolvo com ninguém, não
busco encrenca.
Nunca fui ameaçado, mas
tem gente que faz coisas por
aí, e por causa deles os outros
acabam pagando.
Para quem mora na rua, a
pior hora é sempre à noite.
O sono de quem está na
calçada é o sono de morte.
Ninguém da gente tem nenhuma propriedade, mas
sempre tem alguém que quer
te fazer mal.
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