São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

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HC adiou a reforma em subestação que pegou fogo

Mesmo com projeto pronto em 2005, obras foram adiadas por problemas burocráticos

Técnicos haviam aconselhado reforma de sistemas elétrico e antifogo no prédio onde houve incêndio; morte de um paciente foi confirmada

EVANDRO SPINELLI
FÁBIO TAKAHASHI

DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO VIEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A direção do Hospital das Clínicas de São Paulo sabia, desde 2005, que era preciso reformar a rede de energia elétrica e o sistema de combate a incêndio do Prédio dos Ambulatórios. Mas, mesmo com um projeto pronto, a obra foi adiada por problemas burocráticos.
Na noite de Natal, a subestação de energia do subsolo do edifício pegou fogo, levando pânico a pacientes e funcionários. Ontem, cerca de 1.500 consultas foram canceladas e o reagendamento era feito para daqui a 15 a 20 dias. A expectativa é que o HC, o maior hospital da América Latina, só volte a funcionar normalmente a partir do dia 2 de janeiro.
Waldemir Rezende, ex-diretor do IC (Instituto Central) do HC, disse que o setor de informática apontou problemas com a rede elétrica do prédio em 2005, durante sua gestão.
Segundo ele, foi feita uma troca de fiação da parte interna da unidade, mas técnicos recomendaram também uma reforma geral no sistema elétrico ( incluindo áreas externas) e de combate a incêndio -inclusive com a melhoria das portas corta-fogo e sensores de fumaça.
Como o custo era muito alto, o IC não tinha autonomia para fazer a obra. Por isso a responsabilidade foi transferida para a superintendência do hospital.
"A concorrência estava em andamento. Foi revisto o edital", disse ontem, durante entrevista coletiva, o superintendente do HC, José Manoel de Camargo Teixeira. Em seguida, ele minimizou o assunto. "Não é esse o problema. Nós não sabemos ainda a causa específica do problema [que provocou o incêndio]. É algo relacionado ao cabeamento elétrico."
A Folha apurou que a licitação para a contratação da empresa que faria a obra só foi concluída no início deste mês e que as obras estavam previstas para começar em janeiro.
Segundo Rezende, que foi diretor do Instituto Central de dezembro de 2002 a fevereiro deste ano, não houve problema de repasse de verba no período.

Morte confirmada
O incêndio, que começou por volta das 22h do dia 24, fez com que os pacientes do Prédio dos Ambulatórios e do Instituto Central fossem removidos às pressas. O fogo foi rapidamente controlado -ficou restrito à subestação de energia no subsolo do prédio-, mas a fumaça e a fuligem se espalharam por todos os andares dos dois edifícios pela tubulação de ar.
Um paciente e uma enfermeira ficaram feridos ao pular de uma altura de cerca de dois metros. Ontem, foi confirmada a morte de um paciente.
Sem energia e com as salas sujas, os atendimentos de ontem no Prédio dos Ambulatórios foram suspensos. Apenas os pacientes de procedimentos obrigatórios -quimioterapia e hemodiálise, por exemplo- foram atendidos no IC.
Cerca de 6.000 pessoas passam por dia pelo Prédio dos Ambulatórios. Segundo o diretor do IC, Massayuki Yamamoto, estavam agendadas para ontem 1.100 consultas e cerca de 450 exames. Pela manhã, houve uma confusão na porta da unidade de pacientes que compareceram para fazer suas consultas ou para tentar remarcar.
Desde as 5h30 pacientes se aglomeravam na porta do prédio e recebiam informações desencontradas. O sistema de informática, que permite a marcação das consultas, só foi restabelecido por volta das 10h.


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