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HC adiou a reforma em subestação que pegou fogo
Mesmo com projeto pronto em 2005, obras foram adiadas por problemas burocráticos
Técnicos haviam aconselhado
reforma de sistemas elétrico
e antifogo no prédio onde
houve incêndio; morte de
um paciente foi confirmada
EVANDRO SPINELLI
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO VIEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A direção do Hospital das
Clínicas de São Paulo sabia,
desde 2005, que era preciso reformar a rede de energia elétrica e o sistema de combate a incêndio do Prédio dos Ambulatórios. Mas, mesmo com um
projeto pronto, a obra foi adiada por problemas burocráticos.
Na noite de Natal, a subestação de energia do subsolo do
edifício pegou fogo, levando pânico a pacientes e funcionários.
Ontem, cerca de 1.500 consultas foram canceladas e o reagendamento era feito para daqui a 15 a 20 dias. A expectativa
é que o HC, o maior hospital da
América Latina, só volte a funcionar normalmente a partir do
dia 2 de janeiro.
Waldemir Rezende, ex-diretor do IC (Instituto Central) do
HC, disse que o setor de informática apontou problemas
com a rede elétrica do prédio
em 2005, durante sua gestão.
Segundo ele, foi feita uma
troca de fiação da parte interna
da unidade, mas técnicos recomendaram também uma reforma geral no sistema elétrico (
incluindo áreas externas) e de
combate a incêndio -inclusive
com a melhoria das portas corta-fogo e sensores de fumaça.
Como o custo era muito alto,
o IC não tinha autonomia para
fazer a obra. Por isso a responsabilidade foi transferida para a
superintendência do hospital.
"A concorrência estava em
andamento. Foi revisto o edital", disse ontem, durante entrevista coletiva, o superintendente do HC, José Manoel de
Camargo Teixeira. Em seguida,
ele minimizou o assunto. "Não
é esse o problema. Nós não sabemos ainda a causa específica
do problema [que provocou o
incêndio]. É algo relacionado
ao cabeamento elétrico."
A Folha apurou que a licitação para a contratação da empresa que faria a obra só foi
concluída no início deste mês e
que as obras estavam previstas
para começar em janeiro.
Segundo Rezende, que foi diretor do Instituto Central de dezembro de 2002 a fevereiro deste ano, não houve problema de repasse de verba no período.
Morte confirmada
O incêndio, que começou por
volta das 22h do dia 24, fez com
que os pacientes do Prédio dos
Ambulatórios e do Instituto
Central fossem removidos às
pressas. O fogo foi rapidamente
controlado -ficou restrito à subestação de energia no subsolo
do prédio-, mas a fumaça e a
fuligem se espalharam por todos os andares dos dois edifícios pela tubulação de ar.
Um paciente e uma enfermeira ficaram feridos ao pular
de uma altura de cerca de dois
metros. Ontem, foi confirmada
a morte de um paciente.
Sem energia e com as salas
sujas, os atendimentos de ontem no Prédio dos Ambulatórios foram suspensos. Apenas
os pacientes de procedimentos
obrigatórios -quimioterapia e
hemodiálise, por exemplo- foram atendidos no IC.
Cerca de 6.000 pessoas passam por dia pelo Prédio dos
Ambulatórios. Segundo o diretor do IC, Massayuki Yamamoto, estavam agendadas para ontem 1.100 consultas e cerca de
450 exames. Pela manhã, houve uma confusão na porta da
unidade de pacientes que compareceram para fazer suas consultas ou para tentar remarcar.
Desde as 5h30 pacientes se
aglomeravam na porta do prédio e recebiam informações desencontradas. O sistema de informática, que permite a marcação das consultas, só foi restabelecido por volta das 10h.
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