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Livros Jurídicos
O ano termina com 250 obras na fila
DO COLUNISTA DA FOLHA
A quantificação editorial
dos livros jurídicos -cujo processo de crescimento tem sido
constante- atingiu, em 2008,
nível excepcional. Esse é o
ponto alto do balanço a ser feito. Nem no lançamento de
obras novas a coluna conseguiu absorver todos os títulos
divulgados. O ano termina
com um estoque de 250 obras
na fila, o que corresponde a
cinco ou seis meses até a
exaustão. Por um lado, trata-se de fato muito positivo, mas
o excesso quantitativo não foi
acompanhado pelo crescimento qualitativo.
O objetivo nuclear da coluna é divulgar livros novos
-salvo, de uns tempos para cá,
destacando dois deles, comentados em maior extensão. O
segundo objetivo está em dar
precedência a dissertações e
teses acadêmicas, contribuindo para divulgar o moderno
pensamento jurídico nacional, sendo predominantes as
questões constitucionais. Os
demais assuntos são noticiados, obedecida a ordem de
chegada dos títulos.
Distinção interessante do
ano foi a participação de autoridades judiciais e de membros do Ministério Público divulgando idéias próprias de
seus segmentos. Dentre muitos dou o exemplo do ministro
Gilmar Ferreira Mendes, tratando da "Argüição de Descumprimento de Preceito
Fundamental", pela Saraiva, e
do ministro Cesar Asfor Rocha, em "A Luta pela Efetividade da Jurisdição", pela Revista dos Tribunais. Os direitos fundamentais vêm sendo
muito discutidos na área das
liberdades individuais, na
questão de seu desrespeito na
área tributária, nas relações
do trabalho, nas garantias ambientais, na biotecnologia, na
ciência penal, no processo, em
pluralidade extraordinária.
A visão filosófica dos assuntos jurídicos evoluiu, no tratamento dado à justiça, à política. Há cursos e discussões sobre a base do pensamento filosófico, levando José Renato
Nalini a perguntar: "Por que
filosofia?". Ainda uma vez, como conseqüências das sucessivas mudanças da lei, destacaram-se os escritos a respeito de direitos processuais, resultado natural da natureza funcional da matéria, para o desenvolvimento das questões
em juízo. A instabilidade do
direito escrito causa graves
prejuízos à comunidade.
Para os profissionais do direito, parece razoável acreditar que o ramo no qual há tendência do maior número de obras em 2009 envolverá a recuperação de empresas e as falências, como resultado da crise econômica internacional,
em repercussões impossíveis
de serem evitadas, no Brasil. É
óbvio que a crise ampliará o
debate jurídico e legislativo
sobre seus efeitos.
Destaco duas espécies tomadas com os tipos de produção: a das obras coletivas e as
séries e coleções de livros com
temas assemelhados -às vezes em volumes de menor porte- estiveram presentes com
novidades. Assinalo o cuidado
da seleção na série "GVLaw"
da Fundação Getulio Vargas,
editada pela Saraiva. Lembro,
nesse segmento, além de coleções clássicas das editoras tradicionais, "Direito Ponto a
Ponto" e "Cooperativismo",
da Elsevier e da Mandamento,
respectivamente, como a coleção "Direito Civil", da Revista
dos Tribunais. As obras coletivas continuaram a ser incentivadas pelas editoras, pois barateiam o custo e permitem
maior amplitude de tratamento por volume editado.
O número de revistas dedicadas ao direito também teve
impulso expressivo, em que
merece particular realce a
"Revista do Advogado", tirada
pela Associação dos Advogados de São Paulo, que chegou a
seu número 100.
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