São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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Dilma pede "serenidade" em polêmicas, diz Iriny

Futura ministra afirma não haver recomendações especiais sobre aborto

Para Iriny Lopes, debate sobre interrupção da gestação não pode ser abafado ou estimulado por qualquer ministério


DE BRASÍLIA

A futura ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, 54, diz que a presidente eleita Dilma Rousseff pediu que tenha serenidade para tratar de assuntos polêmicos como a descriminalização do aborto.
Ela afirma não se sentir estimulada ou cerceada por compromissos sobre o tema assumidos durante a campanha à Presidência.
Para Iriny, o estabelecimento de cotas para as mulheres no primeiro escalão do governo federal é uma forma positiva de empoderamento.
Em momentos de crise, uma suposta fragilidade feminina pode ser levantada. Mas, ela diz que isso poderá ser um processo de aprendizado para o país.

 

Folha - A sra. vai incentivar o debate sobre a discriminalização?
Iriny Lopes -
O debate está posto no mundo. Não tem secretaria ou ministério que o abafe ou estimule, ele está posto por força de si próprio.

A presidente eleita Dilma Rousseff pediu que a sra. não toque no assunto? Pediu alguma coisa específica em outras áreas?
Não, a presidente me orientou e solicitou serenidade e tranquilidade para tratar de todo e qualquer tema polêmico. Não há recomendações especiais.

Na campanha, a então candidata se comprometeu a não dar o pontapé para a descriminalização. A sra. se vê impedida de trabalhar o tema?
Não, o compromisso é natural, visto que o debate sobre essa questão é do Congresso. Estaremos participando de uma conferência, convocada pelo governo, mas livre. Ali, a sociedade vai se manifestar.
Não me sinto nem estimulada nem cerceada, vamos tratar esse tema como viemos tratando.

Como a sra. vê o estabelecimento de cotas para mulheres no primeiro escalão do governo?
O empoderamento das mulheres só se dá com atos concretos, como esse. Não se trata de 30% ou 40%, ela fez um trabalho para que os partidos indicassem mulheres.
É uma contribuição inestimável, porque, via de regra, os partidos não propiciam o espaço necessário. Com certeza terá um reflexo no conjunto da sociedade.

Em momentos de dificuldade do governo, a suposta fragilidade feminina vai ser levantada?
Explicitamente, não sei. Não sei se terão coragem de verbalizar, mas pessoas vão atribuir com indiretas, piadinhas. Acho que esse também será um processo de aprendizado para o país. (JN)


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