KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

Moradores do Parque Industrial, na zona sul de São José dos Campos, estão organizando rondas em grupos -realizadas por eles próprios- durante o período da tarde para evitar roubos e furtos em residências.
Em grupos de três, os moradores percorrem as ruas do bairro e ficam atentos a pessoas estranhas ou ruídos nas casas de vizinhos. Se houver a identificação de algum furto ou roubo no bairro, os participantes das rondas acionam a polícia e os outros moradores para que saiam às ruas e criem "movimento" no local.
"Temos o telefone de todos na rua. Quando acontece algo, um chama o outro", disse a moradora L., que não quis se identificar.
Assim como em São José, no Vale do Paraíba e no litoral norte também surgem exemplos de iniciativas da comunidade e da sociedade civil, que têm se organizado para combater, com seus recursos, o aumento da criminalidade na região.
Em alguns municípios, os moradores fecharam ruas e instalaram guaritas e sistema de monitoramento para controlar o acesso aos bairros.
No litoral norte, todo ano, durante a temporada, a comunidade providencia alojamento e alimentação para policiais que vêm de outras cidades, para garantir que a Polícia Militar continue enviando e até ampliando o efetivo nos municípios.
No vale e no litoral norte, havia cerca de 12 Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) em 99. No ano passado, foram registrados 18 novos conselhos, já criados ou em formação.
O crescimento no índice de criminalidade nos municípios da região é apontado pelo pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) Eduardo Brito como o principal fator que tem incentivado as iniciativas populares.
Um dos dados que medem a violência em uma cidade é o número de homicídios registrados pela polícia e, segundo levantamento do Deinter-1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), responsável pela área do vale e litoral, o total de assassinatos na região cresceu 9,12% em dois anos.
A iniciativa dos moradores e comerciantes é incentivada pelo comandante da PM na região, coronel Sebastião de Souza Pinto, e pelo secretário de Defesa do Cidadão de São José, Geraldo Pinheiro. Para eles, poder público e sociedade têm de se unir para combater a violência. "Não podemos esperar", disse o coronel Souza Pinto.


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