São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2004

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SEGURANÇA

Escuta telefônica da polícia fluminense revelou que fornecedora de drogas de SP abastecia traficante carioca

Investigação no Rio indica parceria CV-PCC

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Uma investigação da Polícia Civil fluminense descobriu mais um possível elo entre as facções criminosas CV (Comando Vermelho), do Rio, e PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo.
Por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, policiais descobriram que o traficante Alexandre Roberto Freitas, o VG, chefe do tráfico no complexo do Alemão (zona norte), negociou a compra de 500 kg de maconha com Marília Pereira dos Santos, presa na Cadeia Pública 4 de Pinheiros, em São Paulo.
A unidade abriga detentos vinculados ao PCC, do qual Santos seria uma das principais fornecedoras de drogas.
A escuta mostrou que a maconha, que chegou ao Rio em um caminhão, foi descarregada no último dia 14 na favela da Chatuba (zona norte), reduto de VG. Parte da droga seria vendida em uma faculdade do Rio.
A polícia informou que não conseguiu impedir que a droga chegasse ao Rio porque, no momento da ligação, os traficantes não indicaram o local em que ela seria descarregada. Só no dia seguinte, em novas conversas, é que eles teriam mencionado o local, mas a entrega já teria ocorrido.
Os policiais encarregados da investigação disseram que a interceptação indicou ainda que VG e Santos negociaram o envio de mais uma tonelada de maconha ao Rio. O carregamento, no entanto, não chegou à cidade.
O contato de Santos com o CV viria, ao menos, desde setembro de 2003. Naquele mês, ela e Ari Gonçalves Júnior foram presos em Itu (103 km de São Paulo) quando transportavam duas toneladas de maconha. A droga, segundo o Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos da Polícia Civil de SP), veio de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e seria vendida a traficantes do complexo do Alemão.
O Denarc informou que o CV estaria tentando, com o auxílio do PCC, se estabelecer na zona leste da capital paulista na tentativa de controlar a venda de drogas.
VG, segundo a polícia do Rio, sucedeu o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, no comando do tráfico no complexo do Alemão. Ele estaria fortalecendo outros redutos do CV com o objetivo de invadir áreas dominadas pela facção rival ADA (Amigo dos Amigos). VG também é conhecido como Alexandre, o Grande.
A suposta aliança entre PCC e CV vem sendo investigada desde 2001. Segundo as polícias do Rio e de São Paulo, a parceria teria sido firmada na época em que duas lideranças do grupo paulista, José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roris, o Cesinha, estiveram presos em Bangu 1 (no Rio), na companhia de chefes do CV.


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