EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A propaganda nas rádios e nos jornais pede que a população não jogue lixo na rua para evitar enchentes. O apelo oficial vai agora para a TV.
A campanha publicitária de R$ 6 milhões que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) lançou nesta semana é mais uma peça na estratégia do governo de jogar no lixo parte da culpa pelas cheias que afetam a cidade. A outra parte da culpa, diz o governo, é das chuvas.
São oito spots de rádio, dois filmes para TV e anúncios de jornal, todos com mensagem semelhante: está chovendo muito, a prefeitura está fazendo sua parte, mas precisa de ajuda para fiscalizar quem joga lixo na rua, quem joga entulho em área irregular.
Kassab diz que a publicidade não é uma justificativa. "É quase um plano diretor de campanhas educativas do lixo."
A estratégia de transferir parte da culpa das enchentes para a população vem sendo adotada desde o início do ano. A propaganda é um reforço ao discurso diário de Kassab em suas entrevistas, quando pede ajuda aos moradores para que descartem o lixo corretamente.
Outra frente é a ação administrativa. O prefeito anunciou ontem a criação de uma força-tarefa com o Estado para limpar todos os meses as 397 mil bocas de lobo e os 57 mil poços de visita ("buracos" das ruas usados pelas concessionárias para entrar no subsolo).
Bocas de lobo entupidas potencializam as enchentes, mas Kassab negou que a força-tarefa seja um atestado da própria prefeitura de que a limpeza não é feita corretamente hoje.
"Nunca teve tanta chuva em São Paulo. Os rios estão trabalhando no seu limite, os córregos também, então é evidente que a limpeza precisa acontecer de maneira mais intensa."
Ainda fazem parte da ação o reforço das operações cata-bagulho, a abertura até abril de uma licitação para concentrar os serviços de varrição em menos empresas e a ameaça de multas aos moradores que não colocarem o lixo na rua próximo do horário da coleta.
Há ainda o ataque às feiras livres. O horário foi reduzido das 13h30 para as 12h30 para que as ruas estejam limpas mais cedo. A fiscalização inicia sábado.


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